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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

30.07.14

Mudança única e carreto fixo!


Rui Pereira

A abordagem que faço às bicicletas tem-me levado a afastar das soluções tecnologicamente evoluídas, da competitividade, dos elevados custos, da elevada eficácia dos componentes e de todo o conjunto. Estou sim, mais próximo do básico, de uma produção mais conservadora, simples, económica e de um estilo mais retro, mantendo os níveis de qualidade e de eficiência adequados aos meus objetivos e necessidades.
Há algum tempo que tencionava adquirir uma bicicleta sem mudanças e de carreto fixo. Tanto pelo estilo e simplicidade do conceito, como pelo desafio de condução inerente. Não digo que seja como aprender a andar de bicicleta de novo, mas é necessário rever vários hábitos há muito interiorizados. Também não vou negar que me dá um certo gozo ser mais uma vez diferente e pioneiro.
Mas este não foi um objetivo de concretização fácil. Implicou algum tempo de pesquisa, de seleção e ponderação. Considerei várias opções, entre propostas mais económicas, personalizadas e de série. Confesso que desde o início tinha preferência por um dos produtos da marca do “S” rasgado, mesmo que no caso não o ostente, acabando mesmo por comprar uma Specialized/Globe Roll 1, ao que não será alheia, uma vez mais, a postura da empresa representante local da marca.
Se calhar posso ser suspeito para emitir tal opinião, mas a estética da Roll é simplesmente arrebatadora! A solução monocromática onde o preto brilhante é a cor eleita e todo o visual minimalista e espartano proporcionado pelos finos tubos em aço (Cr-Mo) e pela ausência de componentes supérfluos, dão-lhe atitude e não lhe deixam passar despercebida.
A Roll possui um cubo traseiro “flip-flop”, ou seja, tem de um lado um carreto fixo e do outro um livre, que permite passar de “fixed gear” a “single-speed”, ou vice-versa, num simples rodar de roda. A minha saiu da loja na configuração “fixie”, apenas com o travão da frente instalado. A ideia é desenvolver capacidade para a dominar assim e para fazer “skids”, ou seja, a técnica de travagem em que se bloqueia a roda traseira com a paragem voluntária dos pedais. Estou em condições de dizer que não é tão fácil como parece, embora já tenha conseguido esboçar alguns “skids”, ainda que muito tímidos e inseguros.
Desde logo não gostei dos pedais com clip e fitas e foram prontamente substituídos por pedais de encaixe. É curioso constatar que neste momento a forma mais natural de pedalar envolva pedais de encaixe!
As novidades começam logo no arranque, com tendência para persistir - «olha, um pedaleiro com vontade própria!». A relação de transmissão (42X17) é adequada para uso citadino, para rolar em plano e até para subidas com inclinação moderada, mas o que mais me custou foram mesmo as descidas. Facilmente os pedais atingem uma rotação demasiado elevada o que acaba por ser exigente fisicamente, até porque a tendência é começar a saltitar sobre o selim, o que associado à pouca velocidade atingida fez-me desejar mais do que uma vez que as descidas em causa acabassem depressa.
Também convém não esquecer que não dá para descansar as pernas. Enquanto a bicicleta estiver a andar a pernas estão em movimento, até porque ela faz questão de nos informar disso da forma mais brusca possível. Tal como é preciso atenção à sua inclinação nas curvas, já que aqui não se ajeitam pedais quando nos dá jeito. De resto é possível (imperativo) abrandar a marcha fazendo força com as pernas no sentido inverso da mesma, até porque o travão da frente, por si só, nem sempre é suficiente.
Pormenores à parte, os dias têm sido curtos para desfrutar tudo o que a minha Globe Roll 1 tem para oferecer… E agora até já posso dizer com legitimidade e orgulho:
«My legs are my gears»

10.07.14

O verão, o exercício e a natureza


Rui Pereira

O verão normalmente é sinónimo de dias grandes (e noites, para alguns), de férias, de programas lúdicos e culturais, de quebra de rotinas, de descanso, de calor…
Quem tem a sua atividade física rotinada durante o resto do ano aproveita esta altura para abrandar ou mesmo parar temporariamente. É o chamado carregar de baterias para enfrentar uma nova época que tradicionalmente começa em setembro ou outubro.
Não censuro nenhuma das posições, mas é raro parar completamente mais do que uma semana, em vez de parar aproveito para variar quer nos exercícios, quer na intensidade. É aqui que acho que o verão pode ser uma oportunidade. A quebra de rotina não implica necessariamente deixar a prática, mas sim diversificá-la. É nesta altura do ano que o ambiente e a natureza se apresentam mais favoráveis para a interação, o que aliado à maior amplitude de horas de sol e da nossa maior disponibilidade, reúnem-se as condições perfeitas para exercitar-nos disfrutando da natureza.
Praias, piscinas, jardins, trilhos, parques florestais, as hipóteses são várias e para todos os gostos. Neste aspeto, não será novidade a nossa condição privilegiada de ilhéus.
Atividades de alguma complexidade a carecer de espaços próprios, meios específicos e pessoal especializado, também as há e muitas serão uma opção segura, mas como em tudo e cada vez mais, a minha aposta é na simplicidade. E não apenas na época aqui referida, mas sempre!
Temos um defeito crónico de complicar demasiado a nossa vida. No departamento do exercício físico também acontece. A nossa preocupação centra-se muito na especialização, na necessidade de demasiados e complexos meios, o que muitas vezes se traduz num constante adiar da prática efetiva enquanto não se reúne todo o aparato. E quando finalmente se consegue, é amontoá-lo a um canto, porque entretanto a nossa atenção foi desviada para outra coisa/atividade qualquer, voluntária ou involuntariamente.
Invertemos o que seria a nossa atitude natural. Ou seja, voltamos as costas à natureza e abrimos os braços às coisas!
Basicamente só é preciso o nosso corpo e o meio que nos rodeia. E vá lá, um ou dois artefactos se realmente nos facilitam a vida. De resto, basta alguma vontade e envolvência, não com as coisas, mas sim com a natureza. Simples!