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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

10.02.22

Sobe e desce


Rui Pereira

O nome Bike Azores surgiu por acaso. Não é um grande nome, nem especialmente original, mas revelador daquilo que é – um blogue de um açoriano que anda de bicicleta.
A temática e uma abordagem própria relegam-lhe para um nicho onde estou perfeitamente confortável. O movimento é pouco e, portanto, há menos ruído.
Existe uma relação direta entre a regularidade de publicações e as minhas voltas de bicicleta, nem que sejam as que integram as minhas rotinas. E, depois, todas as outras variantes que condicionam quer umas quer outras.
Sendo sensível ao reconhecimento e à amizade, mas também às coisas menos positivas, as minhas voltas com a escrita são equivalentes a muitas que faço montado nas minhas bicicletas, cheias de sobe e desce.
A mudança de imagem, que faço sempre questão de aplaudir, foi um marco na sua vida. Há claramente um antes e um depois marcados por este facto. O reforço de energia e o renovado comprometimento foram o equivalente ao ingerir um suplemento energético quando as pernas já não querem pedalar.
Não tenho andado de bicicleta e as razões são várias. Entre não me apetecer, independentemente do motivo que está por trás, e não ter saúde para fazê-lo, prefiro ter sempre a possibilidade de optar.
A excelente imagem do Marco Costa é uma das que melhor revela o que é o Bike Azores. Pelo menos simples e sóbrio, como eu próprio.

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@marco.pcovo

 

08.07.20

Outro mundo!


Rui Pereira

Esta bicicleta é tão clean, tão simples… É muito bonita!
Às vezes temos a mania… e esta é assim, e…

Foi mais ou menos isso que ouvi quando me cruzei com um casal amigo numa volta de domingo aos comandos de uma das minhas bicicletas de carreto fixo. E se calhar não foi por acaso que surgiu da parte do elemento feminino. O masculino estava mais preocupado em saber se era aquela a bicicleta com que costumava andar… Sensibilidade?
Devo ser um bocadinho suspeito para concordar com estas afirmações, mas estão perfeitamente alinhadas com o que venho defendendo há muito tempo.
Uma bicicleta básica não passa muito de uma estrutura de tubos metálicos soldados, um par de rodas, uma corrente, umas rodas dentadas, um guiador, um selim e umas alavancas com pedais…
É simples, não é?
E esta simplicidade não lhe belisca em nada a beleza ou a função, muito pelo contrário.
Enquanto que o mundo à minha volta continua sedento de inovação, eficácia e tecnologia, numa busca inglória de algo único, como se da última bolacha do pacote se tratasse, com um prazo de validade cada vez mais curto, eu pedalo num mundo paralelo muito mais básico, puro, natural, duradouro, descomplicado e… estiloso!

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07.11.19

Bicicletas analógicas


Rui Pereira

Temos uma tendência natural para complicar. Somos seres cheios de necessidades. Precisamos de muitos artefactos para fazer coisas. Adoramos coisas. Coisinhas tecnológicas. Brinquedos inteligentes que têm montes de funções automáticas e que, julgamos nós, não conseguimos viver sem eles.
Nas bicicletas é a mesma coisa. Quanto mais inovadoras, complexas e tecnológicas, melhor. Há quem já não consiga viver sem elas…
Eu não!
A tecnologia é fria e impessoal, de interação duvidosa. É complexa. É ilusória.
Continuo a preferir as mecânicas, mais tradicionais, analógicas e manufaturadas. Privilegio as mais simples e minimalistas. As mais acessíveis e brandas na relação. As mais robustas e menos sensíveis...
A função e o funcionamento estão lá, a estética também, chega!
É pegar, usar e desfrutar, sem pensar muito, sem complicar…

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03.09.19

Trio


Rui Pereira

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Chegam descontraídos. Pés a roçar pelo cimento ajudam a detê-las. Encostam-nas com as rodas na areia. A mais pequena aterra de salto. Fica como ficou. Serve, ou melhor, servem para tudo. Mesmo que a utilização vá para além da função e do tamanho, que num dos casos “grita” o seu limite. E a roda traseira destoa, mas roda. É o que interessa. Que ande, ou melhor, que andem minimamente que o resto vai de improviso…

14.08.18

Aos pedais!


Rui Pereira

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Havia desconforto. Outras prioridades. Gosto limitado.
Mudança de cenário. Outra bicicleta. Nova realidade.
Inovam-se as distâncias e os destinos. Cresce a vontade…
O gosto. A estima pela companheira de duas rodas.
Mantém-se a simplicidade. Arrisca-se o desafio.
Sente-se o prazer e a liberdade de ir estrada fora.
De rolar com todos os sentidos à flor da pele.
A velocidade contra ou ao sabor do vento.
Num ambiente que cerca e invade.
A pedaladas largas e ritmadas as rodas ocupam o seu lugar…
Naturalmente!

31.03.17

Choque tecnológico!


Rui Pereira

Motivado por toda a azafama e animação que se vive por cá com mais uma edição do Azores Airlines Rallye lembrei-me de uma situação. Não têm grande (nenhuma) relação, mas pronto.
Um dia entrei num stand de automóveis. Enquanto o vendedor, para me cativar, ditava orgulhosamente uma extensa lista de extras que um modelo em especial trazia, com certeza estaria longe de pensar que eu, mentalmente, a cada extra atribuía uma classificação. Curiosamente, sempre a mesma para todos eles – Fonte de problemas!
A falta de paciência e interesse não me permitiu perguntar se não tinham apenas o carro? Sem as “mariquices”? Sim, básico, simples, sem nada!
Já deve ter dado para perceber que, no que toca a algumas inovações e à tecnologia aplicada em certos ramos sou um bocado avesso. Tradicionalista, antiquado, chamem-me o que quiserem, não me venham é impingir tecnologia da moda, embrulhada com a capa da utilidade, para fomentar desejos consumistas, como se a minha vida dependesse disso!
Vivo muito bem sem estas “mariquices”! Aliás, até prefiro não ter de pagar por elas, que é da maneira que não me vão distrair, nem chatear no futuro. E ainda poupo dinheiro.
As minhas bicicletas são todas recentes, a mais “antiga” é de 2009. É um bocado ridículo usar esta palavra para adjetivar uma bicicleta que vai fazer oito anos, mas atualmente é mais ou menos assim que as coisas funcionam. Nem rodas 29 tem! Paradoxalmente, é a única com uma estrutura em alumínio, travões de disco hidráulicos e suspensões a ar. Ui!
As outras têm todas quadros de aço e componentes básicos de entrada de gama. São simples e baratas. E, por incrível que pareça, funcionam!

15.03.16

Pensamentos a pedais


Rui Pereira

Agora que penso nisso:

Agrada-me muito ter incluído a bicicleta em algumas das minhas principais rotinas diárias. Agrada-me ter conseguido libertar-me do automóvel e de todo o peso que representava, nestas mesmas rotinas;

Agrada-me verificar que são várias as pessoas que fazem o mesmo do que eu nos locais que frequento. Agrada-me constatar que inspiro algumas pessoas neste sentido, da mesma forma que outras me inspiram;

Agrada-me ser saudado e felicitado por pessoas nos seus automóveis, mesmo que ainda não tenham tido coragem de dar aquele passo para se libertarem deles;

Agrada-me ver pessoas a melhorar a sua qualidade de vida. Agrada-me ver as pessoas que fazem isso com orgulho e determinação. Agrada-me ver pessoas que seguem o caminho da simplicidade;

Agrada-me constatar que a bicicleta faz parte da vida destas pessoas, como faz parte da minha, para além da componente lúdica/desportiva. Agrada-me ver mais bicicletas, com pessoas sem licra, nelas montadas;

Agrada-me ver pessoas que não precisam de ciclovias para andar de bicicleta na cidade. Agrada-me constatar que estas pessoas veem a sua cidade através de outra perspetiva, mais livre e aberta;

Agrada-me continuar a defender esta vertente prática e funcional da bicicleta em ambiente urbano…

Independentemente se isso agrada aos outros ou não!

21.09.15

Clássico vs. Moderno… Ou clássico e moderno tudo misturado!


Rui Pereira

A única forma que tenho de quantificar os meus passeios de bicicleta é através da sua duração. O que é chato e limitado, já que não posso partilhar com ninguém, todos os pormenores dos mesmos e assim provar que aqui este menino, em cima de uma bike, não é para brincadeiras! Seja lá o que isso quer dizer…

Não tenho ciclo-computadores, nem muito menos aparelhos GPS todos pipis que registam tudo e mais alguma coisa. E que custam os olhos da cara! Nem sequer utilizo aquelas aplicações no telemóvel, até porque mesmo que quisesse não podia, já que o meu telemóvel não as suporta. Sim, é daqueles que só fazem e recebem chamadas!

Mas não se pense que sou assim tão básico. Um dia perdi a cabeça e comprei um monitor de frequência cardíaca de pulso. Em promoção, não era! Batimentos, zonas de treino, calorias e estas cenas todas. Sou moderno ou não sou?

Pronto, vá lá, acho que já ninguém usa isso e confesso, eu próprio nem sempre o utilizo… Ou melhor, levo o aparelho no pulso, até porque preciso do relógio, mas o sensor fica em casa. Já agora, enerva-me um bocado quando ele está no modo de treino e não consigo ver as horas e tenho de andar a fazer contas…

Já tentei ver as horas pelo sol, mas primeiro, não dá muito jeito estar a andar de bicicleta na bisga a olhar para o céu, segundo, isso cá está sempre nublado, e terceiro, tendo em conta as duas razões anteriores e não dominar assim tão bem a técnica do relógio solar, eleva demasiado a margem de erro. E chegar a casa tarde, não ter a mesa posta e já não estar ninguém à nossa espera é aborrecido. Principalmente a parte de não ter a mesa posta!

Tenho uma bicicleta sem mudanças. Heresia! E com o carreto fixo. E sem travões. E não é por ter qualquer problema com a obesidade ciclística. Tenho porque gosto. Para alguns, porque sou parvo! Mas insisto, é simplesmente porque gosto. Quanto à parte de não ter travões é mentira, mas também só tem um na dianteira e não trava assim tanto como isso. Tenho aqui um conjunto de perna e meia que resolve muito do trabalhinho necessário. Vamos lá ver!

O material da maioria das minhas bicicletas é o aço. Uns melhores do que outros. Apenas a renegada BTT é de alumínio. M4 dizem… Não sei o que é! Carbono? Também não sei... Ouvi dizer que era plástico, mas em bom, não sei… Não me censurem, foi o que ouvi dizer…

As minhas bicicletas não são propriamente leves. Mas também não é algo que me dê grande abalo ou me faça comichão… Se às vezes fico cego para atirar a bicicleta por uma ribanceira abaixo? Tanta vez, mas quem nunca sentiu isso que atire a primeira bicicleta, mesmo que ela demore mais tempo a chegar lá abaixo e nem faça grande mossa nas conteiras quando chega!

Mas porquê esta opção mais tradicional? - Perguntam-me vocês.
Porque gosto muito de coisas clássicas e antigas e prefiro rumar por este caminho mais simples, alternativo e diferenciador. Porque, mesmo que quisesse, dificilmente teria suporte financeiro para fazer face a toda esta euforia de modernidade, tecnologia e eficiência. E essencialmente, porque não desejo nem muito menos necessito de todas estas coisas…

04.02.15

Anda de bicicleta quem não tem dinheiro para comprar um carro!


Rui Pereira

Não será novidade para ninguém que a importância das bicicletas e do ciclismo tem crescido exponencialmente nos últimos tempos. Principalmente no que toca às áreas do lazer e do desporto, o crescimento tem sido enorme. Multiplicam-se os utilizadores de fim de semana, e destes, muitos passam a “atletas”.
As bicicletas, pelas suas caraterísticas, são uma excelente porta de entrada para uma vida mais ativa e estimulante. Podem-se considerar acessíveis, não entrando em produtos de topo, e através de uma utilização regular, a evolução física acontece de forma progressiva e com relativa rapidez.
No que toca a uma utilização mais prática e funcional da bicicleta, como meio de locomoção e transporte, o cenário muda de figura. É certo que também neste departamento o uso da bicicleta tem aumentado, mas não da forma que seria a ideal.
Aqui, a bicicleta traz benefícios em várias áreas distintas: saúde, socialização, mobilidade e sustentabilidade ambiental. Portanto, merecia maior importância, visibilidade e procura. E isso não acontece por questões sociais e culturais, baseadas em preconceitos. Não acontece porque se perspetiva sobre a mobilidade tendo o carro como referência. Carro que há muito é objeto de desejo e símbolo de estatuto social. Carro que alimenta o ego, o comodismo e que dá poder…
O artigo* que inspirou este texto abordou uma questão muito curiosa sobre a ideia social de esforço físico. Da mesma forma que certas atividades laborais que envolvam esforço físico são normalmente discriminadas e atribuídas às classes sociais mais baixas e menos instruídas, “pedalar uma bicicleta, tendo a locomoção como objetivo, é socialmente entendido como necessidade e não como oportunidade!”
Portanto, há aqui toda uma imagem desfavorável da bicicleta enquanto meio de transporte que a maioria de nós não quer estar associado…
Pelo menos, quem gere os seus pensamentos com base nesses errados pressupostos.

*Andar de Bicicleta - Sinal de Pobreza?
Disponível em: http://www.revistabicicleta.com.br/bicicleta.php?id=701