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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

26.03.14

Aleatoriedade dos treinos


Rui Pereira

A prática de exercício físico é uma das atividades mais satisfatórias e prazerosas da minha vida. Os meus treinos são dos momentos mais altos dos meus dias. As minhas idas ao ginásio são caraterizadas por alguma pressão ao nível do tempo, mas é com grande gosto que as faço. Sou metódico, mas muitas vezes o meu método no que toca ao exercício é tão simplesmente o conhecido provérbio – “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. Mais do que uma necessidade ou imposição, a prática de exercício físico é um modo de vida!
Sou defensor de treinos simples com exercícios básicos e funcionais. Não gosto muito de máquinas e aparelhos demasiado hi-tech. Privilegio os halteres, os discos e as barras, e o meu próprio peso em vários exercícios. Querem algo mais simples e eficaz do que flexões, elevações, agachamentos ou fundos em paralelas?! Tirando as aulas de grupo estabelecidas adapto os treinos ao tempo que tenho disponível, ao que me apetece fazer, às circunstâncias do momento, interiores e exteriores. Em caso de dúvida ou hesitação, treino!
Outra característica dos meus treinos é a sua falta de especialização. Ou seja, não me dedico especialmente a uma modalidade. Pedalo, corro, levanto peso, faço treino localizado. Como é óbvio, não me destaco em nada, mas consigo uma preparação combinada, que julgo ser razoável e que me possibilita mover com algum à vontade numa série de áreas desportivas. E muito importante, permite-me ter o corpo mais ou menos dentro dos (meus) requisitos mínimos.
A força de vontade, o entusiasmo e a motivação não surgem do nada como por magia! Ando constantemente à procura de estímulos que me mantenham os níveis elevados. As recompensas são decisivas. Chamem-me convencido, mas é fundamental olhar muito para o espelho! Uma das melhores formas para obter estímulo e verificar resultados. Mesmo que sejam ilusórios naqueles momentos pós treino em que o sangue se concentra nos músculos solicitados.
É fundamental ganhar gosto pelo exercício, prazer com a sua prática, mesmo que isso nos pareça num primeiro momento um comportamento masoquista! E isso não é inato, habituamo-nos, aprendemos. Independentemente das idades. Cada um com os seus métodos, truques ou estratégias. Cada um com as suas necessidades, exigências, preferências ou limitações. De facto, a prática de exercício físico, em si, pode ser cansativa, custosa e até dolorosa, mas depois temos a entrada em ação das célebres endorfinas e a magia da recuperação, quando o nosso corpo responde de forma positiva aos estímulos físicos e se transforma!

13.03.14

As bicicletas não se medem, apreciam-se!


Rui Pereira

A abordagem que faço às bicicletas é algo peculiar, pelo menos dentro do meio onde me movimento.

Interessa-me pouco a nobreza e a leveza do material que as compõem, a gama dos periféricos, o perfil das rodas, entre outras miudezas, que legitimamente centram a atenção de muitos. Não é algo que deseje, mas sei apreciar, principalmente quando qualidade, eficiência e estética estão em plena conjugação.
No ciclismo a competição não me inspira especialmente, mas reconheço a sua importância e não a desprezo. Nem que seja por ser relativa a algo que me diz muito, gosto de acompanhar, à minha maneira. Ocasionalmente, se me apetece até se faz uma perninha…
Quando ando de bicicleta não treino, os treinos deixo-os para o ginásio. Quando pego na bicicleta e saio para a rua é simplesmente para andar de bicicleta.
Bicicleta também é desporto, mas não é só desporto!
Curiosamente o mais pequeno ciclista cá de casa vibra com as provas de bicicleta. Embora seja normal que lhe tente incutir a minha linha de pensamento, não posso negar-lhe o acesso às mesmas. Aliás, fui eu quem lhe facultou este acesso e vou continuar a fazê-lo, enquanto ele assim o desejar. Ou seja, enquanto houver gosto, entusiasmo e empenho.

«Pai, quando houver provas nem precisas de me perguntar se quero ir, inscreves-me logo!»

Já quase sabe de cor os locais e a ordem das provas deste ano. Faz a contagem decrescente de cada dia que falta para o dia de prova. As medalhas que recebe são todas levadas para o colégio para mostrar à professora e aos colegas. Independentemente dos resultados, o ritual repete-se todas as vezes.

Há algum tempo adquiri uma bicicleta dobrável em segunda mão, como nova. Foi daquelas situações em que tudo estava em sintonia. A intenção de uma utilização urbana ficou por isso mesmo, depois do seu quadro me ter pregado uma partida, ou se calhar porque não me é assim tão conveniente.
Mas a minha bicicleta portuguesa em aço, de roda 20, com umas meras 6 velocidades, com periféricos de entrada de gama, com grupo de luz, guarda-lamas e suporte de bagagem, com um preço quase ridículo para os valores a que estamos habituados, que apresenta algumas manhas na hora de dobrar ou de montar/desmontar algum componente e que, pasmem-se, tem um peso bruto declarado de 17,200kg… é a minha/nossa “menina”! (Está ali um degrau abaixo da Allez Steel...)
Pode não transpirar qualidade e tecnologia, pode não ser o suprassumo da eficácia e da eficiência, mas é honesta e incrivelmente suave e confortável… E é linda!

O valor intrínseco das coisas, neste caso das bicicletas, é relativo. Valem de acordo com a importância que lhes damos, independentemente das suas caraterísticas teoricamente superiores ou inferiores.
É possível defender uma abordagem, uma vertente, uma linha de pensamento sem desprezar as restantes. E não estamos necessariamente a entrar em contradição. As opções podem ser diversas e divergentes, mas acho demasiado limitado enveredar cegamente apenas por uma. Com alguma abertura é possível aproveitar algo de cada uma delas. Aliás, é vantajoso. Mais do que andar a tirar medidas, a fazer comparações e a por em causa deve-se aprender, deve-se apreciar…
E isso tanto se aplica às bicicletas como em tudo na vida!