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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

30.09.15

Ano 2025


Rui Pereira

O ciclismo não evoluiu assim tanto nos últimos dez anos. Lembro-me que nessa altura a eletrónica já estava presente nas bicicletas, inclusive nas BTT, e os travões de disco surgiram em força na Estrada. A diferença é que agora tudo isso tornou-se banal. Fora uma ou outra marca que tentou umas misturas de materiais menos prováveis e apresentou pontualmente uma ou outra solução mais exuberante nos componentes, digamos que temos mais do mesmo. Eletrónica, leveza e aerodinâmica quanto baste. Surgiram alguns equipamentos pessoais curiosos, onde os tecidos e materiais inteligentes e adaptáveis vieram agitar um pouco o mercado, mas nada de transcendente.

Já eu continuo fiel ao aço e às soluções mais conservadoras a todos os níveis. Conservo as minhas bicicletas, inclusive a BTT de suspensão total e rodas 26. Já tem dezasseis anos, mas não está assim tão obsoleta como seria de prever! Inesperadamente, o meu filho, agora jovem adulto (estou a ficar velho!), começou a “pedalar” no mesmo sentido. É também um entusiasta das clássicas. E é com um misto de orgulho e entusiasmo que aos domingos de manhã e sempre que temos disponibilidade me vem chamar já meio equipado, pronto para mais uma volta na Allez Steel, que agora já não é só minha, é nossa. Na verdade, se calhar é mais dele!

De um par de anos para cá tive uma oportunidade de ficar com uma bicicleta inglesa que há muito que não me era indiferente. Uma Bobbin Scout. E é com ela que mais ando neste momento, até porque me assenta que nem uma luva. Tem dez anos, mas está como nova e tem muito para dar. De facto, a Bobbin encerra num único modelo tudo o que desejava numa bicicleta.

A Scout é uma confortável bicicleta de estrada/turística de estilo clássico. Tem um quadro em liga de aço, na cor cobre metalizado, manípulos de mudanças no quadro, travões cantilever e guarda-lama de metal martelados. Os pneus são de goma lateral na medida 700X28c. Fitas de punho perfuradas, em castanho, com selim de vinil a condizer. Tem um pedaleiro compacto e uma cassete 12-32, totalizando 16 velocidades.

Todas estas caraterísticas para além de abonarem muito a seu favor no que toca à estética e caráter, fazem dela uma bicicleta mais dócil e fácil de levar para mim, quando comparada com a mais agressiva Allez Steel, que no entanto, faz as delícias do meu filho.

Se há dez anos atrás andava praticamente sempre sozinho, neste momento somos dois a levar para a estrada bicicletas de outros tempos, mas com o mesmo prazer e charme de sempre. E quando falo de charme, falo do das bicicletas, obviamente!

21.09.15

Clássico vs. Moderno… Ou clássico e moderno tudo misturado!


Rui Pereira

A única forma que tenho de quantificar os meus passeios de bicicleta é através da sua duração. O que é chato e limitado, já que não posso partilhar com ninguém, todos os pormenores dos mesmos e assim provar que aqui este menino, em cima de uma bike, não é para brincadeiras! Seja lá o que isso quer dizer…

Não tenho ciclo-computadores, nem muito menos aparelhos GPS todos pipis que registam tudo e mais alguma coisa. E que custam os olhos da cara! Nem sequer utilizo aquelas aplicações no telemóvel, até porque mesmo que quisesse não podia, já que o meu telemóvel não as suporta. Sim, é daqueles que só fazem e recebem chamadas!

Mas não se pense que sou assim tão básico. Um dia perdi a cabeça e comprei um monitor de frequência cardíaca de pulso. Em promoção, não era! Batimentos, zonas de treino, calorias e estas cenas todas. Sou moderno ou não sou?

Pronto, vá lá, acho que já ninguém usa isso e confesso, eu próprio nem sempre o utilizo… Ou melhor, levo o aparelho no pulso, até porque preciso do relógio, mas o sensor fica em casa. Já agora, enerva-me um bocado quando ele está no modo de treino e não consigo ver as horas e tenho de andar a fazer contas…

Já tentei ver as horas pelo sol, mas primeiro, não dá muito jeito estar a andar de bicicleta na bisga a olhar para o céu, segundo, isso cá está sempre nublado, e terceiro, tendo em conta as duas razões anteriores e não dominar assim tão bem a técnica do relógio solar, eleva demasiado a margem de erro. E chegar a casa tarde, não ter a mesa posta e já não estar ninguém à nossa espera é aborrecido. Principalmente a parte de não ter a mesa posta!

Tenho uma bicicleta sem mudanças. Heresia! E com o carreto fixo. E sem travões. E não é por ter qualquer problema com a obesidade ciclística. Tenho porque gosto. Para alguns, porque sou parvo! Mas insisto, é simplesmente porque gosto. Quanto à parte de não ter travões é mentira, mas também só tem um na dianteira e não trava assim tanto como isso. Tenho aqui um conjunto de perna e meia que resolve muito do trabalhinho necessário. Vamos lá ver!

O material da maioria das minhas bicicletas é o aço. Uns melhores do que outros. Apenas a renegada BTT é de alumínio. M4 dizem… Não sei o que é! Carbono? Também não sei... Ouvi dizer que era plástico, mas em bom, não sei… Não me censurem, foi o que ouvi dizer…

As minhas bicicletas não são propriamente leves. Mas também não é algo que me dê grande abalo ou me faça comichão… Se às vezes fico cego para atirar a bicicleta por uma ribanceira abaixo? Tanta vez, mas quem nunca sentiu isso que atire a primeira bicicleta, mesmo que ela demore mais tempo a chegar lá abaixo e nem faça grande mossa nas conteiras quando chega!

Mas porquê esta opção mais tradicional? - Perguntam-me vocês.
Porque gosto muito de coisas clássicas e antigas e prefiro rumar por este caminho mais simples, alternativo e diferenciador. Porque, mesmo que quisesse, dificilmente teria suporte financeiro para fazer face a toda esta euforia de modernidade, tecnologia e eficiência. E essencialmente, porque não desejo nem muito menos necessito de todas estas coisas…

17.09.15

Cada bicicleta no seu galho!


Rui Pereira

Basta visitar qualquer sítio de uma marca de bicicletas para perceber que a oferta é vasta e multidisciplinar. Os segmentos são muitos, adaptados a quase todas as necessidades: Montanha, Estrada, Fitness, Multiuso, Aventura, Cidade, Dirt/Street/Park, e-Bike, etc. E adaptados aos tipos de utilizadores: homem, mulher, criança...

Tanta informação disponível, à distância de um clique e não só, e depois o que mais se vê são pessoas a passearem calmamente pelas ciclovias, montados em bicicletas de montanha, cujos pneus nunca tocaram e jamais tocarão na terra. Pessoas que sistematicamente rolam calmamente em bicicletas de estrada competitivas, onde as suas caraterísticas são sempre encaradas como defeitos. Crianças que apesar da sua flexibilidade e descontração, não conseguem esconder o quanto têm uma bicicleta desadequada à sua idade e dimensão. Pessoas que têm bicicletas desadequadas para si.

Se quero uma bicicleta para passear e fazer algum exercício físico, para rolar na estrada e em ciclovias, basicamente em plano, de certeza que nem uma bicicleta de montanha, nem uma de estrada sejam as melhores opções para as minhas necessidades!

Acho que existe um certo estigma com as bicicletas polivalentes/multiuso/fitness. Estas, em muitas das situações serão a melhor opção, tanto na forma como se adaptam a um leque de utilizações várias, tal como no seu custo de compra e manutenção. Mas contraditoriamente, são as menos procuradas, talvez pelas mesmas razões que apontei como as suas maiores qualidades. O facto é que acabam por ser bicicletas mais básicas e banais, não exatamente aquelas que vemos correr nos circuitos mundiais das várias vertentes ciclísticas, pilotadas pelos nossos ídolos. Não aquelas que expõem o último grito da tecnologia. E todas estas referências têm cada vez mais importância e um custo inerente que achamos normal pagar, e assim, tudo o que não vá por aí se calhar não é a melhor opção…

Por outro lado, para quem está afastado destas referências, também não tem de seguir o rebanho. Quando um leigo pensa numa bicicleta é quase certo que pense numa BTT. Mas lá porque o meu vizinho, colega ou amigo comprou uma BTT não tenho necessariamente de fazer igual. Primeiro, porque ele pode ter feito a sua compra com base nestes mesmos pressupostos. Segundo, porque os objetivos dele podem ser completamente diferentes dos meus.

De facto estes preconceitos que perduram no tempo acabam por ser inquestionáveis e portanto, traduzem comportamentos. E depois assistimos aos episódios que relatei no início, só porque sim!

A questão principal passa por fazer uma avaliação concreta das nossas caraterísticas, dos nossos objetivos e das nossas necessidades. E do nosso gosto, já agora. Caso haja!

Mais do que toda a informação disponível, em última instância, será a pedagogia da parte de quem vende, que pode fazer alargar e mudar pontos de vista, também em benefício próprio, mas acima de tudo em benefício dos futuros utilizadores da bicicleta, contribuindo para uma utilização adequada e plena da bicicleta por parte destes!

07.09.15

Rolar à chuva


Rui Pereira

Existe a ideia que para fazer um passeio de bicicleta, idealmente deve estar um bonito dia de sol. E portanto, a altura preferencial para fazê-lo deverá ser no verão. Bom, eu diria que nem para passear calmamente com a família na marginal quero um dia de sol, nesta altura do ano! Só mesmo em condições muito particulares é que isso corresponde à realidade... Porque de resto, sempre que o sol tem possibilidade de mostrar as suas capacidades traz consequências e não são propriamente positivas. Desde logo o nosso corpo ressente-se. Fica rapidamente maçado e o cansaço surge naturalmente.
As alturas do ano em que mais gosto de andar de bicicleta é na primavera, no outono e no inverno. Nestas alturas é perfeitamente possível beneficiar de excelentes dias com temperarutras amenas , mas também gosto de dias menos bons. É verdade que o vento é chato, a não ser pelas costas, mas que prazer me dá andar à chuva! (Então de BTT isso ainda ganha outra dimensão!)
Foi o que aconteceu ontem. Manhã de aguaceiros e sem vento incomodativo. Estava dado o mote para tirar a “fixie” da parede e ir divertir-me. Foi uma estreia conjunta à chuva… Pacífico!