Faz agora 8 anos o meu regresso às bicicletas. Depois de uma ligação bastante próxima em criança, seguida de uma superficial a meio caminho, agora as bicicletas tinham vindo para ficar, recuperando a relação de proximidade e intensidade de outros tempos.
Comecei com uma humilde btt, passei pela paranoia dos acessórios e dos equipamentos, onde encapotei os meus desejos de necessidades, e assim, não descansei enquanto não a troquei pela melhor que o meu orçamento conseguiu comprar.
Passados 3 anos, a aquisição da minha bicicleta de estrada marcou uma inversão de sentido. Uma nova visão e atitude perante as bicicletas. A partir desse momento, que acredito ser reflexo de maior maturidade, abrandei o sentimento de insatisfação que dominava e o meu foco foi dirigido para a simplicidade, a funcionalidade e algum saudosismo estético.
Como que a mergulhar nas suas origens, comecei a ver a bicicleta como meio de transporte que é, e que sempre foi, algo que até agora estava ofuscado por uma visão limitada, onde surgia apenas como utensílio de desporto e lazer. Esta dualidade encontrada é uma das suas caraterísticas que muito aprecio.
As minhas mais recentes bicicletas, apesar de atuais, baseavam-se em pressupostos onde as mais recentes tecnologias e materiais sofisticados não entram, sendo que a eficácia e a eficiência deixaram de ser prioridades, quando o que interessa é ajustar o objeto ao devido uso, com a presença constante de uma imagem e conceção clássica.
Foi esta abordagem, motivada pela vontade de encarar o trânsito em cima de uma bicicleta, que me levou a descobrir a indústria portuguesa neste departamento, onde a manutenção da tradição e os baixos custos associados oferecem produtos novos, peculiares e duráveis, que nos fazem recuar aos nossos tempos de infância.
Por outro lado, e mais uma vez impulsionado pelos seus primórdios, entrei no nicho, cada vez mais abrangente, das bicicletas sem mudanças e de carreto fixo. Aqui o desafio falou mais alto, garantidas que estavam as minhas prioridades, transversais a todas as minhas atuais aquisições. Esta bicicleta proporcionou-me uma experiência completamente diferente a pedalar, tanto pela exigência física implícita, como pela necessidade de ter os sentidos alerta.
6 bicicletas das quais mantenho 5, muitos passeios de btt e estrada, tanto organizados como não organizados, tanto em grupo como a solo, algumas experiências em competição com a qual nunca me identifiquei, muitas lavagens e manutenção, muitas trocas de pneus e câmaras, poucas quedas felizmente e uma frequência diária de uso como meio de transporte…
Hoje, 8 anos depois, só posso dizer que as bicicletas motivaram mudanças significativas na minha vida, aumentando consideravelmente os níveis de satisfação, saúde, bem-estar e comodidade. As bicicletas fazem parte da minha vida. Pedalar faz parte da minha vida. E tenho a plena convicção que nenhum outro objeto seria capaz de fazer tanto por mim como a Bicicleta!