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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

31.10.17

Azores Challenge Granfondo – De Granfondo a Mediofondo!


Rui Pereira

Devido às más condições atmosféricas, a organização viu-se obrigada a cancelar a distância maior, fazendo com que todos os participantes fizessem apenas os 85km da meia distância. Inicialmente e perante esta possibilidade fiquei algo dececionado, mas mais tarde e tendo em conta as condições adversas que se faziam sentir, julgo que foi uma opção sensata. Os 143km e o valor acumulado de 2600m, em contexto de evento desportivo com tempo favorável, já imponham bastante respeito, portanto não é difícil perceber como seria nestas condições. E mesmo por questões de segurança! Claro que fiquei sem saber se o ritmo e a gestão do esforço que vinha a fazer até então seriam condizentes ou não com o percurso grande? Como também não consegui perceber se estaria minimamente preparado para um desafio desta dimensão? Aferições para fazer noutras edições, já que espero que seja um evento a replicar. Agora que ninguém me ouve (lê) - este cancelamento, se calhar, veio mesmo em boa hora…

30.10.17

Azores Challenge Granfondo – A preparação!


Rui Pereira

Na sexta-feira, logo de manhã, estava na loja Shaker para confirmar a minha presença e levantar a minha placa numérica. Apesar de ouvir vozes neste sentido, nunca me passou pela cabeça não comparecer à partida, por causa das condições climatéricas que se previam adversas. Compromisso assumido é para cumprir, salvo motivo de força maior! Não era o caso.

 

dorsal.jpg

 
De preparação física estávamos conversados, tal como mencionei no texto anterior. Tenho apenas a acrescentar que na semana que precedeu o evento fiz treino localizado de pernas um dia, pedalei no rolo outro e descansei os restantes.
Estava mais preocupado com a logística e com as previsões meteorológicas?! Gosto desta logística que antecede as provas, mesmo que não haja muito a preparar. E gosto de pensá-la com calma e pôr-lhe em prática com antecedência. Já que tudo indicava estar de chuva (e vento!) achei que ia precisar de umas capas para os sapatos, que não estavam a ser fáceis de encontrar. Contraditoriamente, acabei por encontrá-las à última da hora e por preço de saldo. Sorte!

 

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Depois era o impermeável - Levo ou não levo? Não me dou bem com impermeáveis nem corta-ventos, mas pelo sim pelo não, levei. Não fez falta nenhuma, já que só o vesti para o almoço…
Também montei as luzes, não que fosse circular de noite (seria muito mau sinal!), mas a presença do nevoeiro era quase certa.
Entre isso tudo, mais o relógio, as barras proteicas, os óculos amarelos, o telemóvel, os lenços de papel, as “ferramentas”, entre outras coisas, e ia-me esquecendo da garrafa atrás. Caramba!
A bicicleta estava preparada há vários dias, bastou retificar a pressão dos pneus para os habituais 115 Psi.

26.10.17

Objetivo Granfondo


Rui Pereira

Participo pouco em eventos ciclísticos organizados. Pouco disponível para o compromisso, prefiro fazer as coisas de uma forma mais livre e descontraída, seguindo simplesmente a minha vontade.
Admito que com esta postura perco algumas oportunidades, não conseguindo beneficiar da envolvência, convívio, ambiente e novos percursos que alguns eventos oferecem.
Ouço muitas vezes colegas dizerem que são da estrada, que só fazem estrada, e eu, que sempre fui do BTT, também ando cada vez mais sobre o alcatrão, por força das circunstâncias.
Tenho a minha bicicleta de sonho (pena que os sonhos tendem a crescer à maneira que vão sendo concretizados!), que me dá um maior à vontade para outros voos, que é como quem diz, maiores distâncias e mais horas a pedalar.
Considerando tudo isso, resolvi inscrever-me no Azores Challenge Granfondo. Inicialmente a ideia era fazer a meia distância, para a qual levaria a minha Allez Steel. Depois ponderei e já que era para fazer, era para fazer em grande. Aqui a escolha recaiu na óbvia Roubaix.
Fiz a inscrição há cerca de um mês atrás e resumi mentalmente um plano para estar minimamente preparado. Basicamente consistia em andar de bicicleta com mais frequência e dar mais atenção às pernas na minha rotina de exercícios localizados. Depois de uma semana a correr bem, tive quase duas a padecer de uma constipação que parecia ter vindo com vontade de ficar.
Mesmo com este cenário menos favorável, tentei não perder o foco e pensar positivo. E de facto quando se tem um objetivo, coisas que até agora não faziam sentido passam a fazer. Perante as circunstâncias até recorri ao rolo de treino, coisa de que não gosto especialmente. Esta pseudopreparação tem como fim básico que as memórias desse evento sejam mais do que apenas o sacrifício!
Quero recordar esta minha participação pela singularidade de pedalar juntamente com mais de duas centenas de ciclistas, pelo companheirismo e entrosamento que possa eventualmente haver com alguns deles, pelas diferentes circunstâncias de rolar em estradas que individualmente não são propriamente novidade para mim, pela superação pessoal e boa gestão do esforço. Recordar que soube simplesmente aproveitar o momento…

17.10.17

Cumprimento ciclista!


Rui Pereira

Tenho por hábito cumprimentar os ciclistas com quem me cruzo. Acho que é um hábito simpático, solidário e cordial. Uma forma de reconhecer quem, tal como nós, faz uso da bicicleta, independentemente do seu fim.
De bicicleta temos uma capacidade de observação e contacto superiores, comparando com outros veículos (motorizados). Isso porque a velocidade é mais reduzida e não existe nenhuma estrutura à nossa volta.
Por norma o meu cumprimento é retribuído. Até há quem se antecipe ao mesmo. Outros há, que, ou veem mal, ou seguem num nível de distração para lá do elevado, ou simplesmente não estão para aí virados. E estão no seu direito. Mas será que custa assim tanto um simples movimento com a mão ou com a cabeça, ou desejar um bom dia?

17.10.17

Resumo da última semana…


Rui Pereira

 

Andar de bicicleta, nada! Constipação, mau tempo. Para pedalar qualquer coisa tive de recorrer ao rolo durante o fim de semana. Digamos que tenho tentado fazer as pazes, já que o rolo não é uma atividade que me entusiasme por aí além.

*“Tá fresquim!
Ma que o tempe já tá fresquim...
Isse já qué vesti uma suéra de manhã e à noutchinha.
Daqui pá frent é acátelá, senã um hôme num instante apanha um vent'incanade e fica constepade!"

Não necessariamente assim, mas aconteceu e tem persistido. E eu a ver os dias passar e o Azores Challenge Granfondo a chegar!

*“Dure c'mó açe
Às vezes gostava de sê de ferre c'má besuga.
Nã apanhá fri, nim ficá doente.
Péra aí, se calhá nã...
É que ódepous um hôme levava uma pancada d'água e ficava chê de ferruge!”

Se isso me tem afetado? Não, claro que não...
Tem e não é pouco. Tem, porque limita-me para além de todas as minhas outras normais limitações. E tudo o que implique limitação para andar de bicicleta e demais atividades físicas chateia-me um bocadinho!
E o Granfondo? O Granfondo vai ser um belo desafio. Belo? Se calhar não foi o melhor adjetivo, mas desafio será com certeza. Objetivo? Desfrutar e chegar ao fim em cima da bicicleta, com a capacidade de esboçar um sorriso, sinónimo de satisfação e superação. Estou a aguardar com a toda a serenidade possível.

*“A besuga tamam avareia
A besuga avareiou, grande corisca!
Ma tamam nã fou nada de maió.
Levou graxa pra dentre, um aperto e tá a andá com'uma linda.”

Também aconteceu e era bom que fosse assim tão fácil e económico!
Chão molhado debaixo da BTT. «Mas de onde veio esta água? Isso não é água! Isso é óleo!» Caramba, já é a segunda vez que o amortecedor me prega uma destas! Esta bicicleta é simultaneamente a que menos anda, a que dá mais despesa e a que mais chateia… Se calhar por ser a que menos anda! Não sei. Seja como for, tecnologias, bah…

*Zabela & Besuga: É uma espécie de rubrica do blogue, onde o Zabela (personagem fictícia que caricatura um homem simples da ilha de São Miguel, que se desloca para todo o lado com a sua bicicleta) escreve tal como fala, com um carregado sotaque micaelense, e a Besuga é exatamente a sua fiel e amada bicicleta, companheira crónica de inúmeras aventuras.

09.10.17

Ação e inação, voluntária e involuntária.


Rui Pereira

Em cima da minha bicicleta (e também fora dela) estou-me um bocado nas tintas para o que os outros pensam de mim e das minhas atitudes. A minha postura é normalmente consciente e pouco competitiva. Acho que cada um deve pedalar como quer ou pode, com a bicicleta que quer ou pode ter. Logo que seja cumprido o Código da Estrada e assegurada a nossa segurança e a dos restantes utilizadores existe margem para se encarar as bicicletas e o ciclismo como mais convier.
Mas também erro. Não nego que os despiques amigáveis até têm a sua graça e nas poucas oportunidades que tenho até alinho nos mesmos. Já aquilo que considero serem provocações desnecessárias evito. Não foi o caso e por duas vezes. Reações inconscientes da minha parte que tiveram tanto de parvas como de infantis. Não vai voltar a acontecer. A sabedoria popular arranjou expressões para cobrir uma série de situações, inclusive antagónicas. Neste caso, em vez de «não há duas sem três» prefiro evocar «o frade não leva três em capelo».

Escrevo de nariz tapado, com respetivo pingo, garganta irritada, cabeça pesada e algo abatido. Depois de duas noites mal dormidas. E razoavelmente frustrado. Primeiro, porque inscrevi-me recentemente no Azores Challenge Granfondo e fui obrigado a interromper as minhas pedaladas para fazer face a este desafio. Segundo, porque este fim de semana fartei-me de ver gente a pedalar e eu seguia ao volante do carro quando o que queria era estar aos comandos da bicicleta.
Sim, não é mais do que uma normal constipação associada à mudança de estação, mas que vem em má altura. Péssima! Sendo que no meu caso, mais do que o seu agravamento, o problema costuma ser a sua persistência. Claro que a primeira reação foi a de sentir-me um coitadinho num mundo que se virou literalmente contra mim. «É sempre a mesma coisa. Nunca participo em nada, mas agora que me inscrevi e começo a andar com mais regularidade com vista a ganhar alguma preparação, fico doente, e vai tudo por água abaixo!»
Claro que isso vai passar, mas até lá, e debilitado fisicamente, vivo o dilema – deixo de fazer exercício físico para não me debilitar ainda mais, mantenho ou reduzo a sua intensidade para não perder toda a forma, mesmo correndo o risco de arrastar a situação? Às vezes não é assim tão fácil perceber e o retorno de uma paragem forçada nem sempre é o esperado…
O meu plano de treinos simplesmente não existe, mas espero estar recuperado o mais depressa possível para voltar aos pedais e estar minimamente apto para percorrer os 143km do Granfondo e os desafiantes desníveis que o mesmo apresenta, e isso já no final desde mês (dia 28).

02.10.17

Povoação


Rui Pereira

Ainda não eram oito da manhã e já conduzia a Roubaix pela mão porta fora. Em dia de eleições tinha programada uma ida à Vila da Povoação.
Comecei o dia com um robusto pequeno-almoço para estar minimamente preparado para o passeio que tinha pela frente. Tudo indicava ser este mais um excelente dia de outono. Céu azul, pouco vento e, a partir de uma certa hora, calor quanto baste.

 

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Optei pela via norte e até às Furnas tudo normal, se se considerar normal a subida que nos leva à Mata Dr. Fraga! Mas vale pela descida das Pedras do Galego que dá sempre para arrefecer!
Para a Povoação, depois da subida inicial, a descida acaba por não ser das mais simpáticas por causa do piso irregular. Enquanto descia só pensava - “daqui a pouco vou-me lixar para subir isso tudo!”
Ia com a ideia de comer uma fofa, pois claro, mas parece que aos domingos de manhã não é fácil, pelo menos nos dois locais que entrei. Então acabei por optar por outra fonte de açúcar.

 

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Saí da vila a subir e a arrotar a mega bola de Berlim, com a ideia que se calhar, e na ausência das fofas da Povoação, devia ter feito o lanche à base de bolo lêvedo das Furnas…
A saída das Furnas foi feita pelo sul e não foi para ver a sua Lagoa porque vou sempre tão “satisfeito” naquela calçada que pouco olho para os lados, ansioso que a mesma acabe. Aquilo chocalha tanto que acho que até desfoca a visão!
Quando o suplício acaba e entramos no asfalto, que até parece almofadado, o conforto é logo esquecido a partir do momento em que o mesmo empina. Subida seguida de descida a abrir para Vila Franca do Campo.
Próximo desafio – Pisão. Sempre duro, quer se queira quer não! – Até rima.
Chegado a Ponta Delgada, nova escolha de percurso para rumar a norte. Optei pela “plana” e “consensual” Duarte Borges...
E foi isso.