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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

26.02.18

Então são as meias, e… o boné!


Rui Pereira

“Olha que belas meias! Estou a precisar de umas vermelhas a condizer com o capacete e as luvas…”

Embora perfeitamente consciente de que a aquisição de bens materiais não deve ser encarada como uma alavanca para momentos de felicidade, exatamente por ser algo ilusório e efémero, ainda para mais considerando a nossa natureza insaciável, não posso deixar de admitir que nos pode trazer alguma satisfação, logo que haja razoabilidade e algum equilíbrio entre gosto, desejo e necessidade.
Tal como em muitos outros, no mundo das bicicletas existe uma poderosa industria de marketing que cria desejos e “fabrica” necessidades associada ao constante lançamento de novos e inovadores produtos, com que os consumidores se identifiquem, capazes inclusive de ampliar a sua imagem e respetivos traços distintivos. “Este produto é a minha cara!”
A inovação não se centra unicamente em produtos modernos e futuristas, até porque a tendência “vintage” é uma realidade, tal como a aposta em produtos recentes com uma imagem clássica de outros tempos. E também daqueles que são simplesmente intemporais. É a estes que tenho mais dificuldade em resistir, tanto aos apelos exteriores, como aos impulsos internos, mesmo sabendo que alguns deles não terão aquele uso que seria desejável.

“Já agora levo também o boné!”

 

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23.02.18

Ciclovia da discórdia!


Rui Pereira

Quem me conhece sabe que não sou um grande defensor de ciclovias. Reconheço a utilidade e a importância destas estruturas viárias, mas não as acho determinantes para a mobilidade urbana, pelo menos tendo em conta a nossa realidade. Mais relevantes considero a disponibilização de lugares de estacionamento para bicicletas em pontos estratégicos e a inibição de circulação e acalmia do tráfego automóvel nos centros urbanos, dando prioridade à circulação de peões e de meios de locomoção suaves. Mas existe uma componente lúdica e de lazer das ciclovias que não é de descurar, pelo elevado nível de satisfação e de bem-estar que podem proporcionar.

 

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Neste momento, está em curso a execução de uma ciclovia na cidade de Ponta Delgada, num troço que faz a ligação entre as existentes ciclovias das Portas do Mar e da Avenida do Mar. Para além da ciclovia, a obra integra naturalmente todo o embelezamento da zona intervencionada, onde já é possível observar o excelente trabalho de calcetaria feito nos passeios e a existência de uma faixa ajardinada, que para além da função estética serve também de separador entre a zona destinada aos peões e a faixa destinada aos velocípedes.
Na minha opinião, pelo local em si, pela quantidade de pessoas que utilizam toda aquela faixa litoral e pelos constrangimentos sentidos pelas mesmas, para não falar no importante contributo para a promoção de hábitos de vida saudáveis e aprazíveis, esta obra faz todo o sentido, considerando-a mesmo fundamental.

 

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Publicações inflamadas em redes sociais é algo de que fujo a sete pés, não leio, nem muito menos argumento, mas, às vezes, influenciado pelo tema, esbarro com uma ou outra e respetivas reações. Dois minutos chegam e sobram para entender o discurso indignado do costume. São só privilégios para as bicicletas e para quem anda nelas, não pagam qualquer taxa ou imposto de circulação, não têm seguro... (e por aí a fora), e ainda usam faixas de rodagem automóvel para fazer uma ciclovia, para uma minoria! Tempo perdido, portanto. Salvam-se os comentários de quem tenta fazer ver o outro lado. Gabo-lhes a vontade!

 

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Sigamos os bons exemplos e o que é premente e suposto seguir. Não é suposto criar entraves a um meio de locomoção que é encarado por todos como parte da solução, pois não? E é suposto criar-se condições para que as pessoas virem costas ao comodismo e venham para a rua exercitar-se em prol da sua saúde física e mental, beneficiando do melhor que o local onde vivem tem para oferecer, não é?
Então pronto.

22.02.18

Eu, ativista das bicicletas, não me confesso!


Rui Pereira

O meu ativismo em prol das bicicletas fica-se pelo exemplo. Quando subo para o seu selim e pedalo alegremente, mesmo com circunstâncias que nem sempre são as teoricamente propícias para o efeito. Não pretendo influenciar ninguém, nem tenho paciência para estar a envolver-me em conflitos com indignados, presos a paradigmas esgotados e insustentáveis, que não estão minimamente interessados em saber o que os outros têm para lhes dizer e que apenas conhecem uma verdade, a sua!
Se a minha redescoberta das bicicletas está a fazer uma década, a utilização como meio de transporte tem cerca de meia dúzia de anos. O início não foi fácil, ou não fosse eu mais um que implicava o automóvel em toda e qualquer rotina da minha vida, não conseguindo visualizar as coisas de outra forma. Continuo sendo automobilista, mas já dei o passo em frente. Aos poucos “cresci”, porque ao contrário do que comummente se pensa, a opção bicicleta é um avanço e não um retrocesso, e hoje já não vejo a minha vida sem ela. Ou melhor, sem elas. E quero-as, todas, cada vez mais presentes.
Tenho a minha visão e forma de encarar as bicicletas, como os outros terão a sua, mas pela minha experiência, acho um desperdício encará-las apenas nos departamentos desporto e lazer, e menos positiva a tendência para exacerbar a sofisticação e complexificação daquilo que é tão simples na sua essência. Mas lá está, cada um faça como mais lhe convier. Se calhar, também quem as vê sob outros prismas, ache um desperdício eu não aproveitar todo o lado de treino, desafio e competição que proporcionam. De uma forma ou de outra, qualquer relação com as bicicletas é sempre uma mais-valia.
Sou apenas um utilizador de bicicletas, que faz por aproveitar aquilo que elas proporcionam. Liberdade, conveniência, saúde, prazer…