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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

29.05.18

Pedais de encaixe


Rui Pereira

Tinha acabado de reentrar no mundo do ciclismo, com a compra da Hardrock, quando, numa conversa sobre pedais, ouvi da parte de uma pessoa conhecedora e conhecida no meio que, já não sabia andar de bicicleta sem pedais de encaixe!
Na altura, do alto da minha ignorância e do meu estatuto de novato, pareceu-me que a pessoa em causa estava a armar-se, e consequentemente, a remeter-me ainda mais para a minha insignificância.
Uma semana depois da compra estava a estrear os tão badalados pedais de encaixe!
Hoje, sou eu quem faz a mesma afirmação, a quem procura a minha opinião, sobre os ditos pedais. Aliás, só não os uso em ambiente urbano, por questões práticas e porque as distâncias percorridas não o justificam.
Tão óbvios, mesmo para alguns/algumas que juraram a pés juntos que jamais os teriam presos à bicicleta…
Ontem foi dia de mais uma estreia. Os meus Shimano, atualmente sem uso, saíram do armário para serem instalados numa bicicleta. Uns engates normais, até porque estamos a falar de encaixes. Mas correu bem. E aquela satisfação habitual advinda da superação e de que afinal não é assim tão complicado como se tinha imaginado. E os elogios…
“Eh pá, isso não tem nada a ver. Que diferença!”

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Imagem: Shimano

28.05.18

Estacionamento para bicicletas em Ponta Delgada


Rui Pereira

Em 2015 a Câmara Municipal de Ponta Delgada instalou cerca 40 lugares de estacionamento para bicicletas em várias zonas da cidade. Uma excelente iniciativa, sem dúvida, mas na minha opinião tinha ficado esquecido um local prioritário como o Mercado da Graça! Na altura tive intenção de sugerir isso mesmo, mas nunca cheguei a fazê-lo (intenção sem ação, por melhor que seja, de pouco serve). O facto é que passados quase 3 anos, por determinação própria ou sugestão, foram finalmente disponibilizados estacionamentos para bicicletas junto ao Mercado da Graça. Se a instalação de estacionamentos para bicicletas junto às escolas anteriormente concretizada presume uma ação pedagógica e estratégica, agora é também possível ir a um mercado tão caraterístico desta cidade da forma mais natural possível (mais natural só a pé), sem ter de se deixar a bicicleta presa a um poste nas redondezas ou num dos estacionamentos demasiado distantes do local em causa.
De salientar que estamos a falar das estruturas mais adequadas para estacionar bicicletas, simples, económicas e robustas em U invertido, e que não foram remetidas a um canto, exatamente aquilo que se pretende!
Na altura em conversa com um amigo, também ele utilizador da bicicleta no dia-a-dia e defensor da existência de estacionamentos que não os “empena rodas” num canto escuro, mas reclamando mais algum sentido estético dos mesmos, divergimos opiniões. Se até aos tubos cinzentos de ferro foram subtraídos os autocolantes indicativos com bicicletas, para quê dar mais do que isso se (quase) ninguém quer saber? Para estes quanto mais passarem despercebidos melhor. O que interessa realmente a quem anda ou quer começar a andar de bicicleta na cidade é ter uma estrutura bem localizada e com a forma certa para poder estacionar com facilidade e segurança a sua bicicleta. Objetivo cumprido!

 

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Imagem: CC - Specialized

25.05.18

Ai se ele cai


Rui Pereira

Dizer que as bicicletas são perigosas não está certo. É injusto. Correm-se alguns riscos, mas não mais do que em outras atividades. Sendo uma atividade que envolve equilíbrio, velocidade e circulação na estrada é preciso algum cuidado, claro. Já me magoei bastante a jogar (brincar ao…) futebol… e gosto pouco de futebol. De bicicleta já ando há uns anos, já caí algumas vezes, mas nunca me magoei a sério. Azar? Sorte? Não sei, mas também não interessa, que assim continue.
As crianças normalmente correm mais riscos, à sua dimensão é certo, mas o facto é que são menos cuidadosas e conscientes. Por isso é imperativo acompanhamento parental e material adequado para uma normal evolução sem grandes sobressaltos. Já assisti a muitas quedas do meu filho, umas mais aparatosas do que outras, mas até agora sem grandes consequências. Houve uma que me fez pensar, mas para a frente é que é caminho.
Já passou por várias bicicletas e outras tantas fases. Já foi para todo o lado com ela, já a esqueceu a favor de outras coisas, já quis fazer provas. Prefere a terra ao asfalto e as descidas às subidas, e até ao plano! Está numa de, ocasionalmente, se divertir sem se sacrificar muito! Eu compreendo e acompanho. Também gosto de fazer três ou quatro passagens no mesmo local e regressar, mesmo um bocadinho chateado por ter sujado a bicicleta e o equipamento por tão pouco (quantidade não é qualidade!)…
Às vezes assusto-me com o seu excesso de confiança e à vontade, e com o que é capaz de fazer… A mãe nem se fala! Outras vezes rio-me. E alerto-lhe para rolar com cautela em locais que desconhece e nas vias públicas, para estar desperto para situações e reações imprevistas, para usar os dois travões em vez de apenas o traseiro. Percebo que a maior parte das vezes não me esteja realmente a ouvir, faz parte. Tal como faz parte aprender da pior maneira, por não me ter dado ouvidos.
Proporciono-lhe condições para andar, dentro das minhas limitações, e passo-lhe as ferramentas que podem minimizar os danos. Mas percebo que existem inevitáveis. Que faz parte desafiar, arriscar e querer ir mais além. E cair. Preocupo-me, não quero que caia, nem que se magoe. Sei que ele também não, mas, às vezes, "distrai-se"…

24.05.18

Vai para a ciclovia!


Rui Pereira

Foram-me relatadas buzinadelas… gritos… gesticulações agressivas!

Embora alguns automobilistas pensem o contrário, as vias onde existam faixas destinadas à circulação de velocípedes (ciclovias), não faz com que estes veículos estejam obrigados a circular nelas! O Artigo 78.º do Código de Estrada é esclarecedor:

“Quando existam pistas especialmente destinadas a animais ou veículos de certas espécies, o trânsito destes deve fazer-se preferencialmente por aquelas pistas.”

Sim, os utilizadores de bicicletas devem dar preferência a estas pistas especiais para a sua circulação, mas as coisas nem sempre são assim tão lineares e dependem das circunstâncias e do bom-senso. Não foi por acaso que se introduziu a palavra preferencialmente neste artigo na última revisão do Código da Estrada, em vigor desde 1 de janeiro de 2014.

Atente-se ao seguinte cenário como exemplo:
Domingo de manhã, dia agradável de sol e temperatura amena. Muitas pessoas e famílias aproveitam o dia de descanso e o bom tempo para atividades de lazer ao ar livre. Uns caminham, outros correm, outros ainda andam de bicicleta, de patins, de trotinetes. E fazem-no numa aprazível faixa litoral, com um passeio sobre o mar que engloba uma ciclovia. Um ciclista sai para a estrada para o seu habitual passeio matinal, equipado a rigor com a sua bicicleta de estrada. Ao atravessar a cidade opta por utilizar também a referida via. De notar que esta possui duas faixas de rodagem no mesmo sentido. Tendo em conta o facto de ser plana e com bom piso, mesmo imprimindo uma toada relativamente calma, uma bicicleta de estrada nestas circunstâncias vai circular sempre depressa demais para uma ciclovia, que nestas condições, terá inevitavelmente a presença de peões, tanto adultos como crianças.

Mas existem outros cenários e existem ciclovias que apenas pela sua conceção e localização são pouco apelativas à sua utilização, seja por conveniência, seja acima de tudo pela segurança, ou falta dela. Num mundo perfeito as ciclovias seriam irrepreensíveis na sua localização, nos acessos e dimensão. Não teriam a presença de peões e seriam em número suficiente, concebidas tanto para o lazer como para a utilização da bicicleta como meio de transporte diário. Estando nós muito longe dessa realidade, os automobilistas terão de se habituar à ideia de partilhar a estrada com outros veículos que não automóveis, fazendo-o com a naturalidade e o bom-senso que a situação impõe. Da mesma maneira, na falta de condições para o fazer numa ciclovia, os utilizadores de bicicletas deverão utilizar estas mesmas estradas de forma assertiva, preservando a sua segurança e minimizando possíveis efeitos negativos na fluidez do tráfego.