Sinto o mesmo gosto. A mesma satisfação de conseguir lançar o pião com êxito! Estava na primária e lembro-me. Sair da escola a correr, lanchar à pressa e ir jogar ao pião, incansavelmente. Eu e os outros. Existem coisas que nunca se deixa de gostar. Coisas que nunca se deixa de saber fazer…
Arranca à pressa para não ter de, mais uma vez, regressar quando já o sol se pôs. Os dias mais curtos não desmotivam a vontade de dar mais umas pedaladas. Mais do que a prática física em si, que acaba por ser limitada, está em causa aproveitar o dia da melhor forma possível e esperar que o vento que lhe bate na cara alivie também a carga negativa que traz consigo, após mais um dia de trabalho. A mim, que tenho a mania da perfeição, irrita-me a leviandade com que lida com certas situações, mas depois, num breve momento introspetivo, admito que às vezes devia pensar menos e fazer mais, como ela.
Habituei-me a ser o sobrinho. Apesar de ser o mais velho dos primos, sempre fui do grupo dos rapazes e não dos adultos. Ainda sou!
Tenho 43 anos. Envelhecer não me apoquenta, nem mesmo a ideia da morte. Digo, sem modéstias, que estou numa das minhas melhores formas físicas de sempre. E não só. Já fui mais novo, claro, mas demasiado limitado e velho de espírito e mentalidade!
Hoje falava com um miúdo no ginásio. Claramente um endomorfo. Mais uns centímetros na altura e 20 quilos do que eu. Dizia-lhe que tinha uma boa base para ficar com um corpo porreiro se se dedicasse. Queria eu, ectomorfo conformado que sou... Perguntei-lhe a idade – 23 anos!
Fogo! Tenho mais 20 anos!
Lixado, porque se tivesse a atitude e o conhecimento que tenho hoje, e tivesse 23 anos… Mas orgulhoso, por ter mais 20 anos e servir de exemplo!
Só dou pela idade através da lentidão da recuperação física, seja de um exagero, asneira ou lesão. E pela rapidez com que se apanham. Por causa do sacana do meu joelho esquerdo. Lapsos de memória. E a pior de todas, quando pessoas mais jovens, não necessariamente crianças, me tratam por senhor!
Senhor?!
Eu que sempre fui dos rapazes? Eu é que chamava por senhor aos outros!
*Até a música que ouço é música de rapazes, mas rapazes do século XX...
A sorte protege os audazes... e deixa-os a secar roupa molhada no corpo! Para a próxima, o audaz, não deverá acreditar tanto nela. E ser menos preguiçoso, preparando-se minimamente para o efeito. Húmido, mas inteiro!
Descobrir Lindsey Stirling foi uma surpresa muito agradável. Ouvi alguns dos seus temas durante algum tempo, mas acabou por cair um pouco no esquecimento. Com o seu recém-editado álbum “Artemis” voltei a ouvi-la. O tema que dá o nome ao disco foi o principal culpado. Mas deste para muitos outros foi um pulo.
“Take Flight”!
Um tema partilhado em 2015 que conta com perto de trinta milhões de visualizações e passou-me ao lado! Mesmo que fossem só três mil ou trezentas!
Ouvi, uma, duas, três vezes… Dez, vinte, trinta… repetidamente. Perdi a conta!
A fusão do seu violino com a eletrónica, forte e reverberante. A presença de suaves vocalizações. As transições. Toda a fluidez da composição. A majestosa melodia. O vídeo.
Mágico! Perfeito!
A música é mágica, é perfeita! Será possível viver sem ela?!
Andei à "procura" de algo mais relevante para publicar que pudesse ilustrar com este tema. Não "encontrei". Fica apenas a imagem de uma descida aos comandos da minha bicicleta, paradoxalmente, o mais próximo que experimento da sensação de levantar voo!
Antes havia um único objeto com uma função definida e nós que nos adaptássemos a ele, ou no limite, o adaptássemos a nós. Agora leva-se a especificidade da utilização dos objetos a sério!
Para quem tem perna curta; Para quem tem medo de alturas; Para quem tem problemas de equilíbrio; Para quem quer dar nas vistas; Para quem não quer ser visto; Para malabaristas; Para contorcionistas; Para animadores; Para palhaços (profissionais, não dos outros).
Afinal não é assim tão específica, mas até bastante abrangente… Pronto, existe esta... bicicleta!