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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

31.07.20

É tudo uma questão de aceitação e valorização!


Rui Pereira

A forma de lidar com as minhas bicicletas, hoje, está relacionada com algumas perdas do passado.
À ligação, que integra o gosto de ter, o uso, o cuidado e a contemplação, está associada a dificuldade da separação. Ou seja, algumas vezes equacionei uma possível troca ou venda de uma das minhas bicicletas, normalmente daquelas das quais estou mais afastado, mas nunca fui capaz de concretizar.
Anteriormente a minha ligação material fazia-se com as motas. Tal como as bicicletas, que integram o meu atual estilo de vida, antes eram as motas.
Quando supostamente atingi aquilo que sempre quis neste departamento, desvalorizei e dispersei o meu foco, ajudado pela mudança de circunstâncias, quando as motas deixaram de estar tão presentes. Não satisfeito com uma, dei duas cabeçadas! Na primeira, só me desfiz da melhor mota que tive e uma das melhores (para mim) das que tive oportunidade de experimentar.
Se durante muito tempo justificar cegamente estas ações ou tentar esquecer eram a minha prioridade, agora a aceitação é a opção. Até porque elas tiveram o seu propósito e proporcionarem-me bons momentos aos seus comandos foi um deles.
Não posso voltar atrás. Está feito!
Dificilmente conseguirei ter motas iguais. Paciência, hoje também não faria muito sentido. Enquanto as tive, vivi-as intensamente (se calhar demasiado) e usufruí delas como consegui (com os meus habituais constrangimentos). Foi (é) a minha forma de encarar as coisas. Aceito isso!
Claro que tudo aquilo que puder fazer para mudar e melhorar pessoalmente terá o meu maior empenho, por isso mesmo, aprendi. As asneiras cometidas ensinaram-me que decisões relacionadas com algo que nos diz tanto, tomadas de ânimo leve e até com alguma leviandade, podem trazer maus resultados. Aceitei isso!
Tal como as compras, normalmente tão pensadas, uma possível troca ou venda deve receber o mesmo tratamento. E se não me consigo desfazer de nenhuma das minhas bicicletas é porque elas têm o seu lugar, a sua função, o seu propósito. E porque gosto delas. Independentemente das suas caraterísticas e do seu valor de custo.
É tudo uma questão de aceitação e valorização!

A felicidade não é ter o que se quer, mas querer o que se tem.

(Este texto e respetiva citação surgiram da leitura do livro de Anette Herfkens,“Turbulência”)

24.07.20

Mudança única e carreto fixo! (2)

Globe Roll 01 - Seis anos depois


Rui Pereira

Uma grande superfície ligada ao desporto tinha na montra uma fixie, soube por um colega. Andava há muito tempo a “estudar” a compra duma. Ao final do dia fui vê-la. Não era uma maravilha, mas em compensação era barata. Ponderei.
Bicicletas do género não eram (nem são) nada fáceis de ver por cá. Também achei não ser razoável fazer muito investimento, porque havia sempre a possibilidade de não me adaptar. A compra à distância deixou de ser opção, e assim, tinha registada a Globe Roll 01 disponível na minha loja de referência. Mas, ainda era cara. Não perdia nada em saber se me conseguiam fazer melhores condições de aquisição antes de tomar uma decisão. Fizeram.
A opção da grande superfície ficou posta de lado e no dia seguinte de manhã, um sábado, estava na loja para levantar a Globe. Entusiasmado e apreensivo. O normal, portanto.
Já lá vão 6 anos. O decorrer do tempo já mostrou diferentes níveis de proximidade e interação, diferentes configurações, entre fixed-gear e singlespeed, e pouca personalização, sendo que a última e mais relevante foi a troca do guiador original por um reto de maior dimensão. O certo é que nunca tive tão próximo desta bicicleta e do seu conceito como estou agora!
A Globe Roll 01 foi a minha janela de oportunidade, a minha porta de entrada num mundo novo, no que diz respeito às bicicletas. Um mundo que me diz muito e com o qual, cada vez mais, me identifico.
Tal como disse em 2014, aquando da sua compra, continuo a dizer com legitimidade e orgulho:


“My legs are my gears”

globe_janela.jpg

22.07.20

Meia bicicleta...


Rui Pereira

globe_santa_iria.jpg


Gosto dessa imagem.
Mostra o meu mar. A minha ilha. E uma das minhas bicicletas favoritas.
O céu baixo e cinzento que esbate o tradicional azul do mar. A vegetação singela e menos viçosa do que o habitual, contrastando cores entre o verde e o castanho. Os apontamentos de amarelo e branco das flores silvestres. Um par de árvores. Um retângulo de pastagem. Lá mais à frente, vestígios de civilização. A neblina.
A representação de uma manhã de domingo calma e tristonha, apesar do algum vento que se fazia sentir e que a imagem não consegue mostrar. Tudo parece estático, como que uma paragem do tempo. Um bloqueio. O congelar do momento.
E o que dizer da minha Globe? A minha querida bicicleta de carreto fixo. A primeira. A sua imagem simples, limpa, discreta, monocromática e minimalista. Do preto sobressai um pequeno desenho que lhe adorna a frente, a imagem deste blogue. E tão bem integrada na paisagem que está a minha bicicleta.
Está patente uma tranquilidade que normalmente não lhe carateriza. Parece tão serena! A bicicleta do tudo ou nada. De vontade e dinâmicas muito próprias. Do feitio muito especial.
Nem tudo o que aparece é, ou apenas é mostrado um outro lado...
Gosto mesmo dessa imagem.
É meia bicicleta que vale por bicicleta e meia!

21.07.20

Lagoa do Fogo!


Rui Pereira

Já não me lembrava da dureza da última secção do trajeto. E do quão irritantes podem ser as inúmeras placas azuis a anunciar o próximo miradouro a 200m, quando aquilo parece nunca mais ter fim…

roubaix_lagoa_fogo.jpg


Ir de bicicleta à Lagoa do Fogo, mais concretamente ao topo da Serra de Água de Pau, é dos percursos mais intimidantes que temos por cá. A subida é dura e longa, e a descida rápida e intensa, tal como seria expetável. Determinação e concentração serão convenientes, quer numa quer noutra. Por outro lado, é um trajeto igualmente apelativo. Pelo desafio, pela envolvência ambiental e paisagística. Pelo traçado e demais pontos de interesse associados. Pela introspeção permitida. É um sofrimento bom!
E toda esta realidade varia conforme o lado em causa. Se para mim o lado Norte não é propriamente um desconhecido, tanto a subir como a descer, ainda não me estreei numa subida pelo Sul. Dá para perceber que é diferente, resta saber quanto!
Não consigo expor dados relativos a distância total ou acumulado de altitude com precisão, mas acho que ao nível da competição recebe o pomposo título de montanha de 1ª categoria.
Curiosamente, ainda não tinha lá ido com a minha Roubaix. Aliás, há muito tempo que lá não ia... Antenas à vista lá no topo, tempo encoberto e relativamente fresco. Olhei para o cume, uma e outra vez, fui-me mentalizando para a subida à medida que me aproximava da entrada de acesso. Virei à direita e enquanto desmultiplicava a transmissão já sabia o que me esperava na próxima hora…
Para cima é que é caminho!

17.07.20

Deslocações com a Gloria

Bicicleta de carreto fixo!


Rui Pereira

Foi no início de julho, depois de uns dias de férias, que decidi que a Gloria Magenta seria a bicicleta para fazer as minhas deslocações diárias.
Tendo duas fixed-gear (paradas), sendo estas das minhas bicicletas preferidas e que mais gozo me dão andar, não fazia muito sentido continuar a usar as citadinas Órbita, quando podia usar uma delas, também perfeitamente adequadas para o efeito.
Na altura fiz algumas adaptações que considerei necessárias, quer pessoalmente quer na máquina, mas no início desta semana voltei à carga.

gloria_fixie_commute.jpg


- O selim já é o terceiro que a Gloria recebe, excluindo o original. Pertencente à fixie Globe, estava guardado num armário e acabou por se revelar o mais adequado para mim, até esteticamente.
- Como recurso extra de segurança deixei a pinça do travão dianteiro instalada. Já as respetivas manete e espiral também derivam da Globe. Nesta última atualização cortei substancialmente o comprimento do cabo e da espiral, apenas como apontamento estético.
- Um acessório inicialmente montado, mas que pela sua relevância destaco agora - descanso lateral. É um descanso poder contar com ele para a sustentar de pé sem ter de estar encostada a algo. Sei que costuma ser dos primeiros itens a ser dispensado, mas para mim e para o objetivo em questão é daquelas coisas que faz toda a diferença.
- Também já é o terceiro par de pedais que monto. As originais e agressivas plataformas em alumínio, nunca usadas, deram lugar a umas com gaiola, mais uma vez vindas da Globe. Estas foram trocadas por uns pedais de encaixe aos quais foram acopladas umas plataformas específicas numa das faces, que por fim cederam o lugar a umas plataformas plásticas de vocação citadina. Neste departamento, concluo que o ideal seriam umas plataformas de resina (coloridas!) com correias em nylon, para ficar perfeita.
- Não sendo uma novidade, deixo apenas nota do guiador plano que substitui o original, tendo sido cortado ao limite e que contribui definitivamente para a imagem diferencidora da Gloria.
Até agora, ter esta bicicleta como companheira de estrada nas minhas deslocações diárias foi uma decisão acertada. Se peca por alguma coisa, é apenas por não ter sido tomada mais cedo.

17.07.20

Skates!


Rui Pereira

Sempre que os números de visitas do blogue sobem foi porque a equipa do SAPOBlogs destacou alguma das minhas publicações. Desta feita, o destaque aconteceu porque falei sobre uma oportunidade perdida, supostamente um tema pouco abordado. Agradecido!

Uma das oportunidades que agarrei recentemente, apesar dos receios e das reticências, diz respeito aos skates. A estes associava quedas, esfoladelas e nódoas negras. Alguma loucura e aptidão… fixe para miúdos. Algum do preconceito persiste, até porque não me vejo sobre um skate de street a fazer manobras, nem mesmo num cruiser ou longboard a alta velocidade, mas adoro o bombear de um surfskate, simulando o surfar das ondas em terra!
Desta vez não vacilei e, determinado, saí da loja com o Dstreet Navaho debaixo do braço.
Já o miúdo, é um miúdo, claro. Também não é muito dado a manobras, mas gosta de velocidade e de cruisers.
Eu divido as atenções entre as bicicletas e os skates. Ele diz, claramente, que não quer saber de bicicletas e que só gosta de skates e futebol…

17.07.20

O motor sou eu!


Rui Pereira

Falava com o meu amigo do costume sobre motas. Falava do meu irmão e como a troca de mota lhe fez outro. Pelo menos, parece, quando o vejo aos comandos da sua nova mota. A anterior, curiosamente aquela que sempre quis (quisemos!), já não lhe assentava. Agressiva, barulhenta, intimidante.
Percebo-lhe bem e acho que ele agora também me percebe, por exemplo, quando lhe falo do prazer que é pegar na minha bicicleta e desfrutar daqueles minutos sobre ela na minha pausa para almoço. De como se passa a encarar as deslocações, mesmo que pequenas, de outra forma. Nem sempre é preciso velocidade, barulho e adrenalina, mas apenas usufruir da fluidez de uma toada calma, do ambiente que nos rodeia, do balançar curva atrás de curva.
E percebo-lhe porque a minha mudança aconteceu de forma ainda mais radical, das motas para as bicicletas, e foi uma leveza.
Mais simplicidade, leveza e liberdade. Menos investimento, complexidade e intimidação!
Se deixei de gostar de motas? Não, não deixei. Se as motas são comparáveis às bicicletas? Não, não são. Mas é normal que tende a fazer um paralelismo entre umas e outras, até para me resolver interiormente e justificar a minha opção, já que pontualmente surge alguma ambiguidade…
Ganham as bicicletas. No conceito, na simplicidade, na limpeza, na eficiência. Ganham porque fazem toda a diferença.
Ganham, basicamente, porque o motor sou eu!

15.07.20

BTT – Sustos vs. Prazer


Rui Pereira

O meu colega queixou-se de um raio partido numa das rodas, depois de uma volta com a sua bicicleta de todo-o-terreno.
Lembrei-me da minha e do tempo que está parada…
Trouxe-a pelas escadas ao estilo carrinho de mão, sacudi o pó acumulado sobre o selim e ajustei a pressão de ar nos pneus. Enfiei a garrafa de água no suporte.
Fui buscar os meus velhinhos sapatos de btt, ocultos que estavam debaixo de umas sapatilhas de andar por casa. Reparei que um deles já perdeu um pedaço da sola, que me faz andar de pé inclinado. Da última vez que os vi acho que não estavam tão velhos?!
Já a minha Specialized FSRxc com mais de uma década parece sempre nova!
O terreno bastante seco e com alguma pedra solta, somando os factos de nunca mais ter andado fora de estrada e a abundante vegetação presente poder esconder algum obstáculo, fez-me empregar alguma cautela no andamento.
Seja como for, os sustos que apanho nos trilhos aos seus comandos, nunca chegam para rivalizar com o prazer proporcionado.

FSRxc_trilho.jpg

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