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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

24.02.22

As minhas bicicletas de carreto fixo

Fixed-Gear


Rui Pereira

A minha realidade e os meus conteúdos não são os mais populares. Por um lado, fogem da principal corrente, por outro, não atingem as expetativas de quem segue contra o convencionado.
Digamos que as bicicletas de carreto fixo são um nicho com algumas vertentes, sendo que as mais populares se centram num certo estatuto ao nível das marcas, componentes e até da atitude. Eu não atinjo nenhum deles!
Comecei tarde. Vai fazer 8 anos que comprei a minha primeira “fixie”. É normal que tivesse (tenha) receios e limitações, e não tenha a destreza necessária para feitos e manobras mais radicais e vistosas aos seus comandos. Também fui (sou) cauteloso no investimento e, portanto, as minhas bicicletas de carreto fixo não brilham exatamente pela exclusividade e alta qualidade. Não são feias, mas também não serão as mais desejadas e atraentes. Até porque, de uma forma ou de outra, fazem concessões a vários níveis, o que automaticamente as atira para longe do cobiçado título de “puro sangue”.
Julho 2014 – Globe Roll 01 (à esquerda); dezembro 2019 – Gloria Magenta (à direita); setembro 2021 – Foffa Fixed (ao centro). Todas elas simples, vendidas completas, de quadros em liga de aço e de aço, de componentes medíocres e preços contidos.

carreto_fixo.jpg


Mesmo assim, são uma vitória e motivo de orgulho para mim.
Quando ponderava comprar a minha primeira fixed-gear, cheguei a pensar que se calhar não fazia sentido ter uma. Hoje tenho três.
Quando sentia dificuldade em andar com ela fixa passei a roda livre. Hoje ando de carreto fixo com a mesma naturalidade com que ando com as minhas bicicletas convencionais.
Quando achava que só faria voltas mais específicas e nunca ao nível de exigência com que fazia com as “outras”. Hoje já muito pouco falta fazer e, inclusive, estou a pensar em algo que nunca fiz sequer com estas últimas.
As bicicletas de carreto fixo para mim representam empenho, concretização, superação e gosto. Muito gosto, essencial para levar esta minha vontade avante. Inspirado, mas sozinho e à minha maneira, fui criando uma ligação tão significativa que, é nelas que mais penso, é com elas que mais quero sair, é com elas que me identifico.

18.02.22

A parede amarela


Rui Pereira

AASurfers.jpg
@rodanoah


Esta parede amarela tem testemunhado muita da minha atividade com as bicicletas. É minha cúmplice e o cenário mais utilizado, simplesmente porque é a parede do meu vizinho da frente. Não é uma parede especialmente bonita, mas conveniente quando pretendo registar um momento num cenário neutro e basta atravessar a rua. Ora pintada, ora por pintar.
É neste misto de simplicidade, neutralidade e conveniência que tenho registos muito significativos e simbólicos com as minhas bicicletas. Sempre que os recordo surgem boas memórias. Aquele dia, aquela bicicleta, aquele momento, aquelas circunstâncias. A mesma parede amarela de sempre.

16.02.22

Regresso!


Rui Pereira

Tive bastante tempo ausente das minhas voltas de bicicleta. Tanto que até fiquei sem saber qual delas escolher para efetivar este regresso.
Exclusão de partes. As fixed-gear foram logo postas de lado, demasiado agressivas e exigentes. De estrada não me estava a apetecer. As citadinas/cruiser nunca são opção para as pedaladas de domingo, mesmo que estas fossem previsivelmente mais tranquilas.
Entretanto, um amigo partilha umas imagens da preparação da sua mota para uma prova de TT…

specialized_btt.jpg

BTT. Mais suave, descontraída e polivalente. E ainda podia ir perceber o ambiente da corrida de motas sem problemas.
Sempre que pego nesta bicicleta é a mesma coisa. Identifico-me e sinto-me muito bem. De facto, o fora-de-estrada é algo que me marcou de forma muito positiva. Talvez por ser onde comecei ou simplesmente uma tendência natural. Contraditoriamente, pelas circunstâncias atuais, a BTT é aquela que menos uso.
Foi uma volta sem história, mas soube-me bem regressar. Com mais ou menos esforço lá fui. Sinceramente, pensei que me fosse ressentir mais. Ainda consigo lidar com o ficar dorido do selim… todos os males fossem estes!

14.02.22

Namorados?


Rui Pereira

É uma das minhas mais recentes conquistas. Na verdade, não fui eu que a conquistei, mas ela a mim. Da primeira vez que a vi nem me cativou assim tanto. Mesmo assim, visitava-a de quando em vez. O tempo passava. Sem me dar conta foi-se estabelecendo uma ligação. Às vezes, julgava haver uma hipótese, outras vezes, resistia e convencia-me de que não valia a pena.
Um dia, num acaso, surgiu uma oportunidade. Ela estava mais acessível. Tomei a iniciativa. Aproximei-me. Vi-a como nunca a tinha visto. Estava conquistado, mas também apreensivo e, aparentemente, renitente. Não foi preciso muito tempo para ceder. Levei-a com calma e cuidado, mas ansioso para descobrir mais sobre si, cuidar-lhe, estar a sós com ela...

foffa_yves11.jpg

 

11.02.22

"On The Dark Waters"

Amorphis


Rui Pereira

Perante a descrição de um qualquer cenário idílico, a minha tendência é para musicar o mesmo. Não no verdadeiro sentido da palavra, o que implicaria a composição de um trecho musical, mas na criação imaginária de uma banda sonora tendo por base uma música poderosa que conheça. Da mesma maneira, a ouvir uma destas músicas, a minha tendência é para imaginar cenários como forma de ilustração.


Conheci os Amorphis com o álbum Tuonela (1999). Este coletivo da Finlândia tem um som que tem tanto de poderoso como de melódico. Progressive/Folk/Death Metal. Vozes limpas e guturais. Instrumental consistente. Forte presença de guitarras.
O mais recente single da banda, "On The Dark Waters" é uma canção fabulosa. Carregada de ambiências, ritmo e melodia. Na dose certa. E com o peso certo!

Na busca imaginativa de um cenário que faz dela banda sonora, invariavelmente estou presente, mas as imagens da minha Terra e as minhas bicicletas têm sempre presença obrigatória.

coroadamata.jpg

 

10.02.22

Sobe e desce


Rui Pereira

O nome Bike Azores surgiu por acaso. Não é um grande nome, nem especialmente original, mas revelador daquilo que é – um blogue de um açoriano que anda de bicicleta.
A temática e uma abordagem própria relegam-lhe para um nicho onde estou perfeitamente confortável. O movimento é pouco e, portanto, há menos ruído.
Existe uma relação direta entre a regularidade de publicações e as minhas voltas de bicicleta, nem que sejam as que integram as minhas rotinas. E, depois, todas as outras variantes que condicionam quer umas quer outras.
Sendo sensível ao reconhecimento e à amizade, mas também às coisas menos positivas, as minhas voltas com a escrita são equivalentes a muitas que faço montado nas minhas bicicletas, cheias de sobe e desce.
A mudança de imagem, que faço sempre questão de aplaudir, foi um marco na sua vida. Há claramente um antes e um depois marcados por este facto. O reforço de energia e o renovado comprometimento foram o equivalente ao ingerir um suplemento energético quando as pernas já não querem pedalar.
Não tenho andado de bicicleta e as razões são várias. Entre não me apetecer, independentemente do motivo que está por trás, e não ter saúde para fazê-lo, prefiro ter sempre a possibilidade de optar.
A excelente imagem do Marco Costa é uma das que melhor revela o que é o Bike Azores. Pelo menos simples e sóbrio, como eu próprio.

bike_azores_logo.jpg
@marco.pcovo

 

08.02.22

Demasiadas bicicletas


Rui Pereira

bike_contraluz.jpg

 

Já escrevi duas frases e apaguei-as de seguida. Com os dedos das mãos suspensos sobre o teclado, olho para uma folha em branco no ecrã...

Obrigo-me a tentar. Agarro-me aos impulsos positivos para dar a volta. Na prática, os resultados não são os esperados. Em tempos, momentos mais pesados serviram de base à iniciativa e à criatividade. Agora não. Bloqueiam-me e impedem-me de andar para a frente. Os pequenos passos numa tentativa de mudança revelam-se insuficientes e acabam por me minar ainda mais. É o trabalho a que me acomodei. É o “covid” de que não me livrei, mesmo abdicando de tanta coisa em seu nome. É a minha vida que foi para onde não queria…

As bicicletas estão paradas. Nunca tive tanta bicicleta e nunca estiveram tão paradas como agora. Nem me apetece andar de volta delas. Procrastino projetos à espera de conclusão, outros nem chegaram a começar. Obrigo-me a tentar. Pelo menos gosto de as observar, quando não estou a pensar que são demasiadas bicicletas. Inerte.

Muito pouco sumo espremendo 46 anos de retrospetiva...

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