É um quadro com que me identifico. Até porque o pé presente é meu. É um reflexo daquilo que gosto, da minha vida, daquilo que sou. De tranquilidade.
A praia, o mar e o pôr-do-sol representam a minha indiscutível ligação à natureza. O surfskate reflete o meu lado mais ativo e irreverente. As Vans sugerem jovialidade e o meu estilo de vida. E todo o enquadramento, o meu sentido estético.
Não é toda a minha vida, mas é uma considerável parte dela. A mais importante. A que melhor me define. É a minha atitude. De como é viver na Ilha… E mais do que “instagramável” é real.
1999 foi o ano de lançamento do álbum “Host”. Sétimo da carreira dos Paradise Lost. O álbum da polémica e da discórdia, já que a banda inglesa rompe radicalmente com o som que vinha fazendo até então. Na verdade, já o seu antecessor, “One Second”, indicava esta direção. Abundância de eletrónica e teclados que descaraterizavam uma base sonora bastante identificativa, com raízes Doom e essencialmente Gothic. Menos gótico o seu som era agora muito atmosférico. As guitarras perderam peso e foram ofuscadas pelos sintetizadores, e a voz de Nick Holmes era agora completamente “limpa”. O certo é que até a aparência física dos elementos da banda mudou. Fã assumido da banda e do género - Gothic Metal, tendo como álbum favorito “Draconian Times”, 1995 - aquele que considero ser um dos melhores discos de sempre - também me coloquei do lado da oposição. Eh pá não, não queria ver os Paradise Lost a tentar ser os Depeche Mode! Ainda tentei uma ou outra audição, mas a resistência venceu. O facto é que me fui afastando progressivamente deste coletivo. Foi bom, muito bom, mas acabou – pensei eu. Só voltei a fazer as pazes com os Paradise Lost em 2005, com o lançamento do seu décimo álbum homónimo. A partir daí o seu som tem crescido no sentido do regresso às origens. Numa onda saudosista tenho revisitado o seu passado… “Icon”, “Draconian Times”… Continuo a ficar arrepiado com o seu som e com os absurdamente melódicos riffs de Gregor Mackintosh, o principal guitarrista e compositor da banda. Num desses regressos ao passado dei de caras com o tema “Nothing Sacred” do álbum “Host” e senti-me injusto e preconceituoso. O que é isso? Que tema! Pronto, as guitarras estão um pouco escondidas e têm uma distorção meia estranha, mas a linha de teclados que marca toda a faixa, adornada por apontamentos eletrónicos, é absolutamente incrível. Um tema que nos embala e leva tranquilamente através de ambiências atmosféricas e melódicas exemplarmente conseguidas. Estava cego e surdo quando há 24 anos não consegui reconhecer isso. Nunca é tarde. Justiça seja feita!
O segredo está no equilíbrio. Nas opiniões, nos desejos, nas atitudes e em cima da bicicleta. Sou equilibrado. Pelo menos acredito que sim. O que não quer dizer que não o perca e caia. Responsabilidade de eventos internos e externos. Acontece!
Em cima de uma bicicleta é onde estou mais equilibrado. Por mais contraditório que possa parecer. E mesmo que me desequilibre, arranho um cotovelo ou um joelho. Sempre é melhor do que me afundar no sofá e nos meus pensamentos, Desequilibrado, Em frente à televisão.
... E uma certa ansiedade começam quando início o ritual de equipar-me - joelheiras, sapatos de encaixe, cotoveleiras e capacete. Quando tiro a bicicleta do suporte. Monto-a frio e entorpecido, tanto que às vezes custa encaixar o segundo pé. Lá vou eu a caminho da minha terapia, que é como quem diz, da pump track. Lá chegado, afivelo o capacete e calço as luvas. Pronto. O nível de ansiedade eleva-se um pouco mais enquanto me lanço ao primeiro obstáculo. O certo deveria ser uma tranquila volta de reconhecimento e adaptação, mas a excitação leva-me a fazê-la com demasiado entusiasmo. Até hoje tem corrido bem. Saio ofegante algumas voltas depois. Se estou acompanhado, a troca de ideias acaba por ser inevitável. Muitas vezes estou sozinho. Aí, com a mesma satisfação, contemplo… recupero e repito.
Custa-me sempre um pouco falar sobre música. Não que não goste, porque gosto muito, mas no sentido em que me falta a teoria e o lado prático de músico que não sou. Daí normalmente enveredo pelo lado da emoção e do sentimento. E a música desperta-me bastante neste departamento. Outra coisa que me faz alguma confusão é como certas bandas, canções e álbuns me passam completamente ao lado. E falo de géneros mais específicos, dos quais tenho algum conhecimento, mas não deixa de ser um disparate com a quantidade de música que se faz por aí.
O primeiro tema que ouvi. Que incrível balada!
Descobri recentemente os SOEN, numa lista aleatória sugerida pelo YouTube Music. Por falar nisso, fico assustado com a quantidade de horas de audição que tenho nesta aplicação. Mas pronto, é outra conversa. E já ando a preparar-me para o facto de vir a perder audição progressiva e precocemente. É que o Metal, o género que mais ouço, é para ser ouvido com o volume tendencialmente elevado! Mas voltemos aos SOEN e, particularmente, ao seu mais recente álbum “Memorial”. Então esta banda anda a fazer música desde 2012 e nunca sequer ouvi falar dela?! Nunca é tarde. Que som. Que melodia. Cativante!
Um hino… outro!
Um consistente e poderoso instrumental, e uma excelente voz limpa. Este coletivo da Suécia é virtuoso quanto baste. São vários temas que se destacam, mas “Memorial” é um álbum inteiro, sem grandes altos e baixos. Embora a minha audição se tenha concentrado bastante neste disco, o facto é que tenho ouvido transversalmente toda a sua discografia, tal é o interesse e curiosidade que esta banda despertou.
O competente tema de abertura do álbum “Imperial”
Normalmente são apresentados com a etiqueta de Metal Progressivo. Não sei, talvez. É irrelevante. Certo é que fiquei, ainda estou, viciado no som dos SOEN. No equilíbrio entre agressividade e melodia, nas letras tocantes, nos solos de guitarra, na forma como os refrões ficam no ouvido, nos arrepios que sinto. E quando não estou a ouvir as canções, dou por mim a entoá-las baixinho, esteja onde estiver e a fazer o que for…
Vendi um surfskate no início do ano. Agora, comprei outro. Uma oportunidade que surgiu por um acaso foi o suficiente para não resistir e trazer comigo o surfskate que já queria há muito tempo. Este longboard é a prova de que um produto de uma marca de grande superfície também pode ter qualidade e ser competente, por um valor substancialmente inferior à concorrência mais conceituada.
Já mais entendido do seu funcionamento e com maior perceção do meu nível de skater, cheguei à conclusão que uma tábua maior e uns trucks mais “rígidos” acabam por criar um conjunto mais adequado para mim. Mesmo que tenha de ser muito mais empenhado no pump para o fazer avançar. Claro que isso não belisca minimamente a posição cimeira do melhor surfskate que tenho, mesmo com características opostas. Não será a maior adequação o suficiente para o destronar. Este meu novo skate é menos ágil e nervoso, o que o torna obviamente mais estável e previsível. Precisa de mais espaço para se movimentar, mas atinge uma boa velocidade de cruzeiro depois de lançado.