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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

12.12.23

"Heart Like a Grave"

Insomnium


Rui Pereira

Years of disappointment
And disillusion
All I see in the mirror now
Is an old man with a heart like a grave

Até ao final deste ano completo 48 anos. Mesmo para mim, que não sou de números, é bastante claro que estou a bater nos 50 não tarda…
Visivelmente, mantenho um ar aceitável, com alguma jovialidade e irreverência. Para isso contribuem a minha forma de estar e atitude, as atividades que pratico.
A descontração existe, sem dúvida, mas por vezes é aparente. Muitas vezes ensombrada por níveis de preocupação e pessimismo sem sentido.
Um lado negro que tento expurgar com mais escuridão, tristeza e melancolia, através da música, em manifesto contrassenso.
É a minha aliada. É solidária, coloca-se na minha pele, compreende-me. Rasga comigo as amarras que me prendem, com a força das letras e a agressividade da melodia.
São anos de união. De aliança. De resultados.
O que não impede que, ocasionalmente, me possa ver como um velho ao espelho…

 

25.05.23

Uma questão de tempo


Rui Pereira

Na minha última publicação falei em questões de idade. Já lá vão seis meses. Hoje falo de tempo. Daquele que levei sem conseguir escrever, mas, também, daquele que permitiu que muita coisa acontecesse.
Destreinado, é com dificuldade que retomo a escrita. A tentar gerir o que devo ou não escrever, sem querer explorar demasiado, mas ciente do efeito catártico que as palavras podem ter.
Foi tempo de decisões. De gerir as suas consequências. De entrega e retirada. De certezas e dúvidas. De expetativas e frustrações. De mudança!
Hoje sou uma nova pessoa. Não, sou a mesma pessoa, mas ainda mais diferente. Na forma como me relaciono com os outros e com as coisas. E como ainda tenho de aprender a relacionar-me comigo próprio perante a minha nova realidade…
Dar tempo ao tempo. Deixar a vida acontecer. Sem expetativas.

30.05.22

Escrita condicionada


Rui Pereira

Tenho várias imagens na galeria do telemóvel a aguardar legenda. São elas o ponto de partida para mais um texto. Ou uma música.
Ontem saí de bicicleta. Já não acontecia há algum tempo. Peguei na mais fácil e fui com a ideia de uma volta mais breve e tranquila.
A volta aconteceu segundo os parâmetros pré-estabelecidos, mas não houve nenhum registo fotográfico. Não encontrei motivo. Aliás, o vento fresco de norte e os mesmos cenários de sempre desencorajavam qualquer paragem para o efeito.
As voltas de bicicleta que levam a um ou mais registos, que por sua vez motivam uma publicação, nem sempre acontecem. Às vezes, estas últimas, são a junção de vários fatores avulsos com a minha vontade de ser mais assíduo.
Sei que levei uma música na cabeça, mas não me lembro qual… Mas já que estou numa de coisas desencontradas posso usar qualquer outra como banda sonora. Ou, se calhar, nenhuma. Deixar que as palavras falem por si, mesmo que não tenham assim tanto para dizer.
De vez em quando leio alguns dos meus textos mais antigos e acho que perdi alguma da capacidade que tinha para escrever. Preciso de tantos pretextos e que, mesmo assim, não são suficientes.
Agora é que é, mas nunca chega a ser.

O vento fresco na cara, a velocidade, as irregularidades do piso que impactam no meu corpo através da bicicleta, a condução, a resposta física ao esforço…
A volta de bicicleta foi produtiva. É sempre, mesmo que não fique registado nenhum momento específico. Aliás, os registos são e devem ser acasos, e não condicionamentos da pedalada.

 

08.02.22

Demasiadas bicicletas


Rui Pereira

bike_contraluz.jpg

 

Já escrevi duas frases e apaguei-as de seguida. Com os dedos das mãos suspensos sobre o teclado, olho para uma folha em branco no ecrã...

Obrigo-me a tentar. Agarro-me aos impulsos positivos para dar a volta. Na prática, os resultados não são os esperados. Em tempos, momentos mais pesados serviram de base à iniciativa e à criatividade. Agora não. Bloqueiam-me e impedem-me de andar para a frente. Os pequenos passos numa tentativa de mudança revelam-se insuficientes e acabam por me minar ainda mais. É o trabalho a que me acomodei. É o “covid” de que não me livrei, mesmo abdicando de tanta coisa em seu nome. É a minha vida que foi para onde não queria…

As bicicletas estão paradas. Nunca tive tanta bicicleta e nunca estiveram tão paradas como agora. Nem me apetece andar de volta delas. Procrastino projetos à espera de conclusão, outros nem chegaram a começar. Obrigo-me a tentar. Pelo menos gosto de as observar, quando não estou a pensar que são demasiadas bicicletas. Inerte.

Muito pouco sumo espremendo 46 anos de retrospetiva...

21.09.21

“Tens muita sorte!”


Rui Pereira

Por trás da euforia das novas bicicletas que chegam a um ritmo anormal, existe um trilhar de caminhos não desejados que as redes sociais iludem e que as aparências não mostram.
O espaço quase atestado de bicicletas não é suficiente para preencher o vazio que sinto. Também não tinha de ser. Só a ilusão podia fazer pensar que sim. Já não me iludo.
Continuo meio à toa, mantendo rotinas. Umas só porque sim, outras porque me ajudam. E estas, contam.
Andar de bicicleta ou limpar uma; ouvir música; folhear aquela revista; ler algumas páginas de um livro ou um blogue de alguém que gosto. Ou escrever, como faço agora. Refugiar-me no meu espaço, rodeado de bicicletas, e conciliar (quase) tudo em um.

bikes_office.jpg


Mesmo assim, foge-me o pensamento. Caio no vazio, na inação, na incapacidade, na ausência de soluções.
A partilha continua a iludir. As intencionadas imagens só mostram uma parte da realidade. Aquela que queria que fosse. A boa!
Alguém sentencia - Tens muita sorte!
Se calhar não faz sentido que assim não seja. Que se destaquem fragilidades em vez de pontos fortes. Melancolia em vez de alegria…
Pego no pano e aplico o produto. Embalado pela banda sonora mais extrema debitada pelas colunas, passo-lhe no quadro. A preocupação, agora, é que fique impecável.
Às vezes, não fica!

15.09.21

Atualizando…


Rui Pereira

Dia 13 – Comprei mais uma bicicleta. Já tinha contactado o seu proprietário em julho, mas não chegamos a acordo quanto ao valor. Entretanto, baixou o preço e assim já foi possível efetivar a compra. Mais uma “singlespeed/fixed-gear”. Está parcialmente desmontada à espera da minha decisão: Com ou sem carreto fixo?

Dia 14 – O SapoBlogs destacou um texto que publiquei ontem. Curiosamente, no dia em que comprei uma nova bicicleta partilhei a “aquisição” da anterior, a Sirla. Um reflexo da desatualização do blogue. Já está mais ou menos decidido que a Foffa será mais uma carreto fixo, mas lá continua meia despida e pendurada.

Quero ver se a apresento logo. E quero dar início à limpeza e montagem de acordo com o que pretendo que seja. Se mantê-la com a roda livre não seria despropositado, sendo mais uma alternativa pela diferença, de carreto fixo é realmente a minha opção preferida, por tudo o que já explanei noutras publicações sobre este peculiar conceito.

Uma nova bicicleta é sempre algo satisfatório, mas…

Dilema: Se por um lado a aquisição de mais uma bicicleta com estas características é a afirmação e reforço da minha ligação e preferência, por outro lado afasta-me ainda mais de um hipotético objetivo de investir numa carreto fixo “à séria”…

Ainda por falar em bicicletas de carreto fixo. Se há coisa que me dá gosto é encontrar alguém com quem possa falar, alguém que as reconheça, com quem partilhe ideias. Já não me sinto tão sozinho neste gosto, nesta abordagem. Ontem aconteceu e com mais de uma pessoa.

Às vezes, acho que devia ser mais abrangente e incisivo na partilha. Não no sentido de influenciar, mas no de dar a conhecer.