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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

16.03.25

Chorrilho de lamentações


Rui Pereira

Andei por aqui a ver o meu perfil. As últimas publicações, não necessariamente recentes, são um chorrilho de lamentações. O facto é que tenho passado por algumas provações, mas a minha vida não difere muito da vida das outras pessoas. Quem não as tem?

Sempre a prometer um regresso enquanto me queixo da ausência e da inconsistência. A acusar o esgotamento da temática. A dificuldade da escrita, essa malvada que nos faz deambular entre a dúvida da exposição excessiva e guardar tudo para nós. Escrever é difícil. Nós não gostamos de dificuldades. Ganha não escrever.

Mas andei por aqui porque queria materializar o que já escrevi em conjugação com o que posso escrever para criar a minha narrativa. Sim, um projeto físico, em papel, mesmo. Um livro!
- Querias? Já não queres?
O pretérito imperfeito dá-me aquela margem de não comprometimento, para o caso da coisa não se concretizar. Tolices minhas, sei lá…

Os blogues estão um bocado relegados para um plano lá meio para baixo e esquecido. É uma afirmação empírica de quem não sabe tanto assim, até porque tem estado ausente. As redes sociais mais populares rebentam com tudo. Dão-nos voz e imagem, e vêm ao encontro da nossa atração pelo que é fácil, imediato e descartável.

Por falar em lamentações, há meses que não ando de bicicleta. Tal como os outros, também tenho problemas pessoais e de saúde. Agora, em contexto médico, quando me perguntarem se já fui operado ou tenho alguma prótese… Sim!

E se calhar já estou a falar demais novamente, para depois me calar por demasiado tempo…

30.05.22

Escrita condicionada


Rui Pereira

Tenho várias imagens na galeria do telemóvel a aguardar legenda. São elas o ponto de partida para mais um texto. Ou uma música.
Ontem saí de bicicleta. Já não acontecia há algum tempo. Peguei na mais fácil e fui com a ideia de uma volta mais breve e tranquila.
A volta aconteceu segundo os parâmetros pré-estabelecidos, mas não houve nenhum registo fotográfico. Não encontrei motivo. Aliás, o vento fresco de norte e os mesmos cenários de sempre desencorajavam qualquer paragem para o efeito.
As voltas de bicicleta que levam a um ou mais registos, que por sua vez motivam uma publicação, nem sempre acontecem. Às vezes, estas últimas, são a junção de vários fatores avulsos com a minha vontade de ser mais assíduo.
Sei que levei uma música na cabeça, mas não me lembro qual… Mas já que estou numa de coisas desencontradas posso usar qualquer outra como banda sonora. Ou, se calhar, nenhuma. Deixar que as palavras falem por si, mesmo que não tenham assim tanto para dizer.
De vez em quando leio alguns dos meus textos mais antigos e acho que perdi alguma da capacidade que tinha para escrever. Preciso de tantos pretextos e que, mesmo assim, não são suficientes.
Agora é que é, mas nunca chega a ser.

O vento fresco na cara, a velocidade, as irregularidades do piso que impactam no meu corpo através da bicicleta, a condução, a resposta física ao esforço…
A volta de bicicleta foi produtiva. É sempre, mesmo que não fique registado nenhum momento específico. Aliás, os registos são e devem ser acasos, e não condicionamentos da pedalada.

 

10.02.22

Sobe e desce


Rui Pereira

O nome Bike Azores surgiu por acaso. Não é um grande nome, nem especialmente original, mas revelador daquilo que é – um blogue de um açoriano que anda de bicicleta.
A temática e uma abordagem própria relegam-lhe para um nicho onde estou perfeitamente confortável. O movimento é pouco e, portanto, há menos ruído.
Existe uma relação direta entre a regularidade de publicações e as minhas voltas de bicicleta, nem que sejam as que integram as minhas rotinas. E, depois, todas as outras variantes que condicionam quer umas quer outras.
Sendo sensível ao reconhecimento e à amizade, mas também às coisas menos positivas, as minhas voltas com a escrita são equivalentes a muitas que faço montado nas minhas bicicletas, cheias de sobe e desce.
A mudança de imagem, que faço sempre questão de aplaudir, foi um marco na sua vida. Há claramente um antes e um depois marcados por este facto. O reforço de energia e o renovado comprometimento foram o equivalente ao ingerir um suplemento energético quando as pernas já não querem pedalar.
Não tenho andado de bicicleta e as razões são várias. Entre não me apetecer, independentemente do motivo que está por trás, e não ter saúde para fazê-lo, prefiro ter sempre a possibilidade de optar.
A excelente imagem do Marco Costa é uma das que melhor revela o que é o Bike Azores. Pelo menos simples e sóbrio, como eu próprio.

bike_azores_logo.jpg
@marco.pcovo

 

07.09.21

Entre pedaladas e publicações


Rui Pereira

bikeazores.jpg


Já lá vai o tempo da dinâmica pedala/escreve. Fui-me afastando e as publicações foram sendo cada vez mais escassas e dispersas no tempo. Tantas vezes que já abordei esta questão. Que tentei caracterizar a irregularidade e a quebra de publicações. Sem sucesso, diga-se.
Estou numa fase de abstinência. Com poucas publicações e de regularidade praticamente mensal… coincidentemente. E gosto de escrever… Não faz sentido!
Não faz sentido que, perante as adversidades, corte logo com aquilo que me dá prazer!
Todas as vezes identifico o problema, reconheço a minha fraqueza, não compreendo, arrependo-me e…
As minhas publicações expõem textos onde despejo muito da minha relação com as bicicletas – gosto pela escrita e pelas bicicletas, e são ilustradas com as imagens possíveis, umas mais básicas, outras mais alternativas – gosto pela imagem e fotografia.
A base é sempre a mesma. A minha ilha, as minhas bicicletas, a minha perspetiva e os meus preconceitos.
Não vou fazer promessas, nem dizer que vou regressar em força, aquela de outros tempos, nem sequer que vou tentar. Não, as circunstâncias são outras e muito embora exista outro conhecimento e cenários que se repetem, o certo é que este compromisso não chega para a validação destas mesmas promessas.
Continuo a andar de bicicleta e a captar algumas imagens relativas. Se estas pedaladas ilustradas ficarão registadas em texto, logo se vê…
Gostava de criar uma nova dinâmica. Gostava muito que assim fosse!

07.12.20

O que dizer de uma bicicleta que tem andado parada?


Rui Pereira

roubaix_mural_voluntariado.jpg


Uma das minhas estratégias para escrever alguma coisa é ir buscar assunto a uma imagem. Tinha esta guardada para futura publicação. Uma vez que é datada seria engraçado fazê-la coincidir com o dia em questão. Foi sábado, passou.
Tem (mais) palco agora, mas com atraso e sem conseguir arrancar melhores palavras do que as presentes. Percebo a nobreza e a importância da data e do ato, no entanto, não tenho nada a acrescentar por assumida ignorância.
Também não conheço o(s) autor(es) deste mural. É bonito e bem-intencionado. E veio dar alguma cor e alegria a uma zona meia sombria e de estruturas gastas.
Da bicicleta que posa já podia falar com mais legitimidade. Mas também não há muito a dizer…
O que dizer de uma bicicleta que tem andado parada?

28.10.20

"A mecânica das letras"


Rui Pereira

Tenho visto nas redes sociais (Instagram) várias pessoas a revisitar o seu passado em jeito de “memórias”. Não tenho passado no Instagram porque a minha presença é demasiado recente. Mas mesmo que tivesse não vejo grande utilidade e sentido em fazê-lo. Contraditoriamente, recupero agora um texto de 2013 onde refleti sobre a importância das letras/palavras/escrita na minha vida. Principalmente agora que tenho andado tendencialmente afastado e com algumas dúvidas, esta reflexão ganhou relevância...
Algumas coisas mudaram, outras estão exatamente na mesma.


A mecânica das letras

Queria ser engenheiro mecânico. Sempre tive curiosidade no sentido de perceber o funcionamento das coisas. Sempre gostei de montagens, de engrenagens, de motores, de manuais, de esquemas. De os seguir. Soube por familiares que desde tenra idade, nas minhas viagens de carro, conseguia identificar as marcas de todos os carros que se cruzavam connosco. Associava muito a mecânica ao ramo automóvel. Gostava de veículos motorizados, inicialmente foram os carros, posteriormente as motos, nas quais fiz muitos quilómetros. Neste momento encaro os carros como meros meios de transporte. De moto (scooter) ando praticamente por obrigação. O gosto persiste, mas a paixão foi direcionada para as bicicletas, donas de uma eficiência imbatível. Preparação física, simplicidade, economia, desafio e prazer, associados… Está tudo dito!
Mas não é de locomoção que pretendo falar... A engenharia ficou pelo caminho. Deparei-me com um obstáculo intransponível, a matemática! Agradeço à minha professora do ciclo, que tinha tanto de feia como de má professora. Passei os anos seguintes numa fuga constante dos números, tomando opções ora contraditórias, ora desconexas.
O meu destino seriam as letras. Depois de alguns desaires, em consequência da falta de objetivos, senti-me confortável e seguro nesta área, pelo menos no que toca à escrita. O facto é que me expressava muito melhor através da escrita, comparativamente com a oralidade. Ainda hoje acontece.
De qualquer forma, nunca senti que tivesse alguma aptidão especial para escrever. Só comecei a aperceber-me que eventualmente poderia ter algum jeito quando várias pessoas começaram a dar atenção e credibilidade aos textos que escrevia no fórum online do principal clube motard micaelense, do qual fazia parte. Foi nesta altura que percebi que articulando gosto, experiência e conhecimento, com uma escrita genuína, clara e correta conseguia exprimir ideias assertivas e bem argumentadas.
Comecei realmente a gostar de escrever, numa altura em que lia muito, mas apenas revistas de motos. Mais tarde, com o ingresso no ensino universitário, alarguei consideravelmente o leque das minhas leituras, tal como das temáticas que passei a dar atenção. Se por defeito académico a educação escolar, profissional e social ocupava um lugar de destaque, comecei também a desenvolver interesse pela psicologia e pelos comportamentos humanos.
Neste momento os livros são um dos meus maiores vícios. Psicologia, autoajuda, sociologia, filosofia e educação são as minhas áreas preferidas. Já a ficção ainda não descobri convenientemente. E continuo a gostar muito de revistas, não necessariamente de motos.
Se calhar as letras sempre foram o meu elemento (aptidão + paixão), eu é que ainda não tinha descoberto. É com as letras que me sinto bem. É escrevendo-as que melhor me sei expressar. É sobre elas que reflito. É com elas que faço a minha autoanálise.
A mecânica entre a leitura e a escrita tem funcionado. Quanto mais leio mais vontade tenho de ler e escrever e vice-versa. Talvez falte juntar aqui um terceiro fator, o dom da palavra. Inúmeras vezes assisto a palestras onde se produzem discursos altamente significativos, motivadores e cativantes, onde os palestrantes conseguem a atenção e o interesse de grandes plateias. Mesmo consciente das minhas limitações neste departamento, dou por mim a sonhar…

Rui Pereira, 2013/12/12

27.07.19

“TP15”


Rui Pereira

Pois é, antes era o “Sem Pedais” e agora sou o “TP15”.
Hoje vim aqui escrever um texto para o blogue do meu pai. Ele pediu-me para fazer um texto sobre bicicletas e aqui estou eu, a concretizar o pedido. Tenho de admitir que num primeiro instante não sabia o que escrever, mas pensei um bocadinho e aqui estou eu.
Devem-se estar a perguntar porquê “TP15”. O “TP” significa Tomás Pereira e o “15” é o meu número no futebol. Agora, pondo o futebol de lado, vou falar sobre bicicletas.
Primeiro, tenho de dizer que tenho um grande orgulho no blogue do meu pai. Posso até dizer que quando crio um perfil num jogo, o meu apelido é sempre “BIKE AZORES”.
Adoro quando o meu pai vai dar o seu passeio de bicicleta ao domingo, mas não sei se quando for maior vou querer seguir o exemplo. Para mim, a bicicleta serve para curtir e desfrutar e embora saiba que os passeios do meu pai tenham isso, sei que também têm uma parte de sofrimento e exaustão, e é a isso que não me quero submeter.
Por exemplo, prefiro ir de carro com a bicicleta em cima até ao Parque Urbano e andar naquelas rampas que eu adoro.
Também olho para a bicicleta como um dos melhores meios de transporte do mundo. É pena que o meu pai diz que eu não tenho rotina de andar no trânsito (o que é mentira).
E à pergunta: “Preferes ciclismo ou futebol?”- Eu respondo “Futebol”.
Eu adoro futebol mais que qualquer outro desporto, porque gosto muito de desportos de equipa e porque adoro a modalidade em si.
Bom, acho que disse tudo o que tinha em mente.
Espero que tenham gostado. Adeus!

Tomás Pereira, 12 anos.

16.07.19

As palavras que não são escritas perdem-se...


Rui Pereira

Considerando a natureza do tema que abordo e a dimensão do meio onde me insiro, às vezes, penso que a curto prazo ficarei sem ter sobre o que escrever…
E fico ainda mais certo disso quando, recorrentemente, tenho de me socorrer de imagens, vídeos e músicas para compensar a ausência das palavras.
Mais do que comunicar, preciso de escrever!
Se calhar, prefiro acreditar na limitação da temática, quando na verdade tenho é medo de ficar sem vontade de escrever!
Já aconteceu. Por diversas razões. E é dececionante perceber como perdemos momentaneamente toda a capacidade de fazê-lo.
Às vezes tenho de forçar um pouco…
Mesmo que esteja longos minutos com os dedos imóveis sobre o teclado, a olhar para a folha em branco do processador de texto. Mesmo que o texto que consigo finalmente escrever não seja nada de especial.
E tudo serve de desculpa. Falta de inspiração, de vontade, de tempo... O sono.
As palavras que não são escritas perdem-se. E se as deixo de escrever fico um pouco perdido também.

11.07.19

Não sei que título lhe dou...


Rui Pereira

São 23H32. Nos auscultadores ouço “The River” de Aurora. Sem saber o que escrever.

Tenho o Sapo e o blogue abertos. Nunca escrevo lá diretamente. Tenho umas manias tolas. Dir-me-ão que existem ferramentas de correção ortográfica, para limpar formatação, etc. Eu sei. Mas escrevo no Word, copio o texto para o Bloco de notas e de lá para o Sapo. E justifico. E sempre no computador. São hábitos que ganhei e ficaram.

O vídeo entretanto acabou e o Youtube encarrega-se de rodar o próximo da lista. Retrocedo. A “The River" é tão bonita e inspiradora!

Levanto-me para desligar a televisão. A casa já dorme. Sou o único acordado. A claridade do monitor, de vez em quando, fere-me os olhos. Fecho-os de forma apertada.

Aurora canta o refrão…

“You can cry
Drinking your eyes
Do you miss the sadness when it's gone? (gone)
And you let the river run wild (gone)
And you let the river run wild”

A melodia é deliciosa. O texto prossegue sem sentido...

Salto para o Ambiente de trabalho. Existem apenas dois ícones, sendo que um deles é a Reciclagem. É assim que gosto dele, limpo. O fundo mostra, para mim, uma das bicicletas mais espetaculares de sempre – Roda Gira Arrogante CMYK!

Volto a retroceder para a música certa no Youtube. Aumento o volume.

Mas que fascínio é esse? Como é que uma estrutura de tubos interligados, com umas rodas e mais uns outros apêndices me fascinam tanto? Não há música que ouça que não a sinta como a banda sonora de um filme por mim protagonizado aos comandos de uma das minhas bicicletas!

Mais um momento para reiniciar a música.

Uma estrada de montanha deserta. Céu cinzento. GoPro’s instaladas na bicicleta. Drone uns metros acima a acompanhar a nossa progressão. Grande plano do sapato a encaixar no pedal e do apertar firme dos dedos no guiador. Uma descida a grande velocidade. Curvas. Travagens. Posição aerodinâmica. Segmentos sem música, apenas com o som do rolar da bicicleta. Momentos em câmara-lenta…

“(…)
You can cry
(You can cry, you can cry, you can cry)
Drinking your eyes
(To where the ocean is bigger)
I don't miss the sadness when it's gone (gone)
And the feeling of it makes me smile (gone)
As I let the river run wild”

Aurora continua a (en)cantar...

São 00H31. Vou publicar o texto seguindo os mesmos rituais de sempre.
00H48. Publicado.