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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

21.03.22

À janela


Rui Pereira

Aguardo o fecho do portão da garagem.
Encaixo os sapatos nos pedais e inicio a marcha tranquilamente.
A inclinação da rua faz-me aumentar a cadência.
Fujo à rota habitual.
Passo em frente à igreja e viro à esquerda em direção ao mar.
Tento conter a velocidade.
O mar ao fundo, a brisa pelas costas.
As cores abundam naquela via estreita.
Bloqueio a roda traseira.
O céu nublado, a humidade, as casas coloridas, a rua praticamente deserta, eu erguido sobre a bicicleta, ela atravessada…
Dava uma bela fotografia! – Pensei.

Sentado na cadeira de escritório.
Descanso as pernas sobre o tubo superior do seu quadro.
Penso.
Viro-me para a janela…

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24.02.22

As minhas bicicletas de carreto fixo

Fixed-Gear


Rui Pereira

A minha realidade e os meus conteúdos não são os mais populares. Por um lado, fogem da principal corrente, por outro, não atingem as expetativas de quem segue contra o convencionado.
Digamos que as bicicletas de carreto fixo são um nicho com algumas vertentes, sendo que as mais populares se centram num certo estatuto ao nível das marcas, componentes e até da atitude. Eu não atinjo nenhum deles!
Comecei tarde. Vai fazer 8 anos que comprei a minha primeira “fixie”. É normal que tivesse (tenha) receios e limitações, e não tenha a destreza necessária para feitos e manobras mais radicais e vistosas aos seus comandos. Também fui (sou) cauteloso no investimento e, portanto, as minhas bicicletas de carreto fixo não brilham exatamente pela exclusividade e alta qualidade. Não são feias, mas também não serão as mais desejadas e atraentes. Até porque, de uma forma ou de outra, fazem concessões a vários níveis, o que automaticamente as atira para longe do cobiçado título de “puro sangue”.
Julho 2014 – Globe Roll 01 (à esquerda); dezembro 2019 – Gloria Magenta (à direita); setembro 2021 – Foffa Fixed (ao centro). Todas elas simples, vendidas completas, de quadros em liga de aço e de aço, de componentes medíocres e preços contidos.

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Mesmo assim, são uma vitória e motivo de orgulho para mim.
Quando ponderava comprar a minha primeira fixed-gear, cheguei a pensar que se calhar não fazia sentido ter uma. Hoje tenho três.
Quando sentia dificuldade em andar com ela fixa passei a roda livre. Hoje ando de carreto fixo com a mesma naturalidade com que ando com as minhas bicicletas convencionais.
Quando achava que só faria voltas mais específicas e nunca ao nível de exigência com que fazia com as “outras”. Hoje já muito pouco falta fazer e, inclusive, estou a pensar em algo que nunca fiz sequer com estas últimas.
As bicicletas de carreto fixo para mim representam empenho, concretização, superação e gosto. Muito gosto, essencial para levar esta minha vontade avante. Inspirado, mas sozinho e à minha maneira, fui criando uma ligação tão significativa que, é nelas que mais penso, é com elas que mais quero sair, é com elas que me identifico.

14.02.22

Namorados?


Rui Pereira

É uma das minhas mais recentes conquistas. Na verdade, não fui eu que a conquistei, mas ela a mim. Da primeira vez que a vi nem me cativou assim tanto. Mesmo assim, visitava-a de quando em vez. O tempo passava. Sem me dar conta foi-se estabelecendo uma ligação. Às vezes, julgava haver uma hipótese, outras vezes, resistia e convencia-me de que não valia a pena.
Um dia, num acaso, surgiu uma oportunidade. Ela estava mais acessível. Tomei a iniciativa. Aproximei-me. Vi-a como nunca a tinha visto. Estava conquistado, mas também apreensivo e, aparentemente, renitente. Não foi preciso muito tempo para ceder. Levei-a com calma e cuidado, mas ansioso para descobrir mais sobre si, cuidar-lhe, estar a sós com ela...

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23.10.21

O meu verdadeiro eu...

E as minhas bicicletas


Rui Pereira

Falei, anteriormente, da minha nova abordagem às bicicletas motivada por uma delas e respetivas caraterísticas.
Esta nova abordagem também se manifesta na minha forma de vestir para andar de bicicleta. Cada vez mais vejo-me simplesmente de calções e t-shirt (casuais) e menos de licra. Ou seja, mais "normal".
Na verdade, as minhas duas novas bicicletas e inclusive algumas das anteriores fizeram com que isso acontecesse naturalmente. Até porque acompanham as minhas preferências e tendências mais recentes.
Pode parecer um paradoxo querer subir para uma bicicleta da forma mais normal e simples possível, quando esta normalidade foi essencialmente motivada por bicicletas de segmentos tão específicos e até fora da caixa.
Eu próprio sou um normal que me acho simplesmente diferente. Não que ergue a bandeira da diferença, ou seja contra rebanho, mas de facto as minhas opções demarcam-se das restantes, principalmente considerando o meio onde estou inserido. É apenas uma questão de alinhamento comigo próprio.
Vendo bem, não estou inserido em meio nenhum. Sou mais uma pessoa que anda por aí como quer, com as bicicletas que quer.
E queria ser esta mesma pessoa em todos os quadrantes da minha vida, algo que (ainda?!) não consigo!
É que este sou eu, o meu verdadeiro eu...

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20.10.21

Foffa Fixed


Rui Pereira

Ultimamente só tenho andado com as minhas mais recentes bicicletas, principalmente com a Foffa. Perfeitamente normal pelo efeito novidade.

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A dúvida entre deixá-la com roda livre ou passar a carreto fixo rapidamente desapareceu – Fixo!
As minhas anteriores bicicletas de carreto fixo não são diretamente comparáveis entre si, embora partilhem o mesmo conceito. Esta mais recente também não foge à regra, aliás, demarca-se ainda mais. Desde logo, pela sua imagem mais clássica, onde a escolha de componentes e as cores apresentadas serão as principais responsáveis, e por ter um guiador “bullhorn”.

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Mas as diferenças também se sentem em movimento, com a relação de transmissão 48X18, pelo peso total do conjunto e pelo perfil (e pressão) dos pneus 28. Resultado: desce melhor, sobe pior e até rola bem no plano considerando os pneus menos capazes para o efeito. Agora, é sem dúvida mais polivalente e confortável, mesmo que o selim não seja aquele que melhor me assenta.

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Acho que esta bicicleta, com os seus pneus mais largos, pode muito bem marcar uma nova fase e abordagem no que toca às minhas opções daqui para a frente. O conforto é notório, tal como a facilidade de mudar de piso conforme a minha vontade, sem estar demasiado condicionado pelas limitações da bicicleta. De um modo geral, pedalo mais à vontade e descontraído, algo que privilegio cada vez mais. Quero ir observando o ambiente à minha volta e não ter de estar demasiado atento a uma qualquer irregularidade ou obstáculo no piso que me possa atirar ao chão, como já aconteceu.

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Para além disso tudo, a bicicleta é muito bonita e gosto muito de andar com ela.
É o mais importante!