28.09.22
A vida às partes
Rui Pereira
Sempre me levei muito a sério.
Preocupado com a minha reputação, com a opinião dos outros sobre mim e com o defraudar da mesma.
Era meu objetivo manter a imagem séria, compenetrada, cuidada e racional. E então sempre apliquei muitos filtros, quer na escrita quer nas imagens partilhadas. Embora esta atenção também se justificasse com sentido estético e privacidade e aquela maniazinha da perfeição.
Falo no passado, mas o certo é que ainda tenho esta preocupação. Embora tenha a noção de que a necessidade de parecer sempre bem e certo não é saudável. Nem sequer natural e verdadeira.
Não é mentira, mas é uma parte da minha vida, não é a minha vida!
Tenho tentado descontrair. Não tenho de parecer ser mais inteligente, esperto e bonito do que realmente sou. Não tenho de ter as maiores habilidades com as palavras, nem com a câmara fotográfica do telemóvel.
Não será sinónimo de desmazelo e aleatoriedade partilhar algo menos estético ou filtrado, parvo ou ridículo. Nem sempre faço coisas relevantes. Existem coisas que simplesmente acontecem e são uma parte considerável da minha vida.
Não tenho de me levar tão a sério!
Apanhado a limpar as pernas com os peúgos, à porta da garagem, depois da volta de bicicleta.
Aconteceu. Faz parte. (Não era suposto partilhar esta imagem)