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Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

10.07.20

A derradeira oportunidade!


Rui Pereira

Ontem falei em perder oportunidades…
Devíamos estar algures no ano de 2009 (ou 2010?), quando, logo pela manhã, recebia uma chamada no telemóvel. Um familiar convidava-me para fazer parte de um negócio de bicicletas! Apercebendo-se do momento excecionalmente favorável e das boas condições que reunia, viu uma oportunidade para o efeito.
Eu vivia altamente entusiasmo com as bicicletas. Passava os dias úteis a planear e a ansiar pela volta de domingo e conseguia contagiar familiares e amigos a fazer-me companhia. Lia revistas, blogues e fóruns dedicados. Geria e alimentava o meu próprio blogue com grande entusiasmo e motivação. Munia-me de material e equipamento, modificava e personalizava a minha bicicleta.
A inesperada chamada apanhou-me de surpresa. Como uma pedra na linha de trajetória a meio de uma curva! Isso está mesmo a acontecer?!
Tinha regressado às bicicletas muito recentemente. Andava doido com tudo o que tinha rodas e pedais, e rolava. Vivia as bicicletas e sonhava com bicicletas! Abrir uma loja e trabalhar todos os dias naquilo que mais gostava já era um sonho, pois claro!
Os compromissos e os estudos recentemente retomados, o filho pequeno, as contas para pagar, mas principalmente o medo do desconhecido, do desafio, do não estar à altura do desafio, toldaram-me a visão. E em vez de ver uma oportunidade (única!) só conseguia ver que, obviamente, teria de sair da minha zona de conforto.
A mensagem foi clara e honesta, e até elogiosa para mim. Este familiar viu esta possibilidade com a minha presença e coordenação. E deixou a decisão nas minhas mãos. Se aceitasse o desafio, a ideia podia começar a rolar no sentido da sua concretização, se não, ficaria por isso mesmo.
Retraí-me. Tive medo! Concentrei-me nas dificuldades e em justificá-las. Justificando assim a minha própria decisão. Falei da concorrência, da dimensão do mercado, da localização…
Não aconteceu. Não estive à altura. Matei a ideia, literalmente!
Hoje, olho para trás e arrependo-me. Tinha de ter acreditado. Nem o meu enorme gosto foi suficiente para vencer o medo e o comodismo. As condições existentes dificilmente se repetirão. Se havia um momento certo, era aquele!
O meu familiar teve esta visão. Eu… logo eu... não!

14.01.19

A Allez Steel e as lojas de bicicletas


Rui Pereira

A minha Specialized Allez Steel é de 2011. Não são os oito anos que a fazem diferente, mas as suas caraterísticas clássicas. Digamos que é uma bicicleta simples e moderna baseada em soluções e imagem de outros tempos - É uma clássica-moderna! Ao contrário da maioria, escolhi especificamente este modelo. Não é por acaso que é a única que por cá anda!
Isso é tudo muito bonito, mas substituir ou alterar algum componente nem sempre é tarefa fácil, pelo menos localmente. Percebo que as lojas têm de subsistir e serem rentáveis, portanto, posicionam-se de acordo com a procura.  Assim, estão basicamente vocacionadas para a competição e o desporto, com um enfoque muito grande para as últimas novidades dos construtores de bicicletas e para as últimas soluções tecnológicas dos componentes e acessórios, tendo a eficácia e a eficiência como principais objetivos. Refletem assim a postura da indústria que pedala ao encontro da procura e influencia esta com a constante criação de novas necessidades.
Mais uma vez digo, percebo perfeitamente este posicionamento das lojas de bicicletas locais, mas isso não me impede de ter pena por não haver mais procura e oferta de um segmento mais tradicional na construção e na estética, e mais prático e funcional na utilização, que a mim tanto me diz. Não me impede de ficar com pena por não ter a possibilidade de entrar numa loja que me encha as medidas, como acontece quando me desloco ao exterior. É pena!
A título de exemplo - há uns tempos atrás tive um problema com o tubo de selim. Não foi fácil arranjar um tubo de selim cromado semelhante e compatível. Claro que online, em teoria, facilmente resolveria o problema, mas gosto de ir aos locais, de ver presencialmente as peças, de tocar-lhes…
A minha Allez Steel vai finalmente receber os cuidados técnicos e estéticos que considero necessários. Apesar de tudo, já tenho todos os componentes que vou substituir. Comprei uns, adaptei outros e ainda recuperei alguns que lhe pertenciam e tinham sido substituídos. Nada de muito especial, só o básico, tal como ela é. As marcas da idade e das vicissitudes do seu uso lá estão, mas naquilo que for possível, quero-a novamente na sua melhor forma e cada vez mais bonita! É que ainda temos muito para rolar…

08.04.18

A minha vida de bicicleta


Rui Pereira

Olá! Eu chamo-me Specialized Tarmac, mas se quiserem, podem-me só chamar de Tarmac.
A minha vida é muito boa! Bem, depende dos momentos.
Eu sou feita de carbono, o melhor material de uma bicicleta. Por isso é que sou do topo de gama da minha família.
Eu nasci numa fábrica e depois mudei-me para São Miguel. Morava numa loja da minha marca chamada “Carreiro”. Lá estava cheia de amigas, mas certo dia tive de me despedir delas, pois compraram-me. Quem me comprou, deu um monte de dinheiro por mim, pois como já vos disse, sou do topo de gama.
A pessoa que me comprou deu-me muito carinho. Enchia-me os pneus, metia-me óleo na corrente, etc… E o melhor de tudo é que me dava bastante uso, apesar de às vezes meter-me sozinha num sítio a que os humanos chamam de “garagem”, mas faz parte.
Conheço muitos sítios, graças aos passeios que já dei com o meu dono. Conheço as Furnas, as Sete Cidades e até o Pico do Fogo. Ainda conheço mais, mas se disser, vou ficar aqui muito tempo.
Apesar de conhecer muito bem o meu dono também conheço as pessoas que me arranjam em coisas mais graves. Até sei os nomes!
A minha melhor amiga chama-se Specialized Roubaix.
A minha vida ainda tem mais por contar, mas agora vou até São Brás com o meu dono.
Adeus!

Tomás Pereira, 03/2018

11.06.17

Rendi-me ao carbono!


Rui Pereira

Rendi-me ao carbono. Rendi-me à estética. Rendi-me ao conceito. Rendi-me ao seu estado irrepreensível. Rendi-me porque tinha sido conquistado no dia em que a vi, embora não quisesse ver…
Refleti. Fiz contas. Procurei alternativas. Comparei. Ponderei. Afastei a ideia. Aproximei. Aconteceu. Porque tinha de acontecer. Houve vontade. Houve convergência. Houve oportunidade. Reuniram-se condições...
Depois de ter voltado a assentar os pés na terra, num misto de alegria e apreensão, sentei-me nela e uns míseros quilómetros, mesmo debaixo de uma chuvinha irritante, serviram para validar a opção - era isso! A satisfação aumentou e a apreensão esbateu-se…
Conheci-a há cerca de 2 meses atrás. Não foi amor à primeira vista, mas chamou-me a atenção. A Specialized Roubaix Comp que vi na minha primeira visita à Bicimelo [obrigado Melinho], e que ocasionalmente me vinha à memória como referência, agora é minha!

 

roubaix_comp.jpg

17.05.17

Pró-Specialized?


Rui Pereira

- Tu também parece que nasceste com um S gravado na barriga! – disseram-me um dia.

Não é verdade. Nisso sou tão previsível como outra pessoa qualquer e na barriga tenho apenas um umbigo. E nem sou de estar a olhar muito para ele!
De facto, existe uma relação próxima com a referida marca. Existe com a marca depois de existir com a casa que a representa e com as pessoas que são o seu rosto, e isso já há uns bons anos, ainda estava longe de pensar que as bicicletas teriam uma dimensão tão relevante na minha vida, exatamente quando os motores assumiam o papel principal.
Quanto às pessoas em causa, sempre me identifiquei com a sua forma de estar e trabalhar e isso faz toda a diferença. Depois a marca é boa, é indiscutível.
Há uma relação de amizade, também assente numa relação comercial de longa data, mas acima de tudo baseada na identificação, no respeito e na cordialidade de ambas as partes. Essencial. Contudo não assinei contratos de exclusividade com ninguém e quando não se proporcionam as condições que considero desejáveis, procuro alternativas. Já aconteceu. É normal.

- Ah, falas, falas, mas depois vais sempre lá ter! – disseram-me uma vez em tom reprovador.

Digo sempre que gosto de todas as marcas, apenas umas mais do que outras. E é verdade. Mas se normalmente compro no sítio do costume é por tudo o que acabei de referir. E pelas oportunidades que me são apresentadas.
Dou-me bem no meio e sou bem-recebido aonde quer que vá, mas o conforto de ir à loja, às pessoas e à marca que tão bem conheço, não tem preço!

- Não gosto de rebanhos, todos de igual com a mesma marca! – também já me disseram.

 No que toca às bicicletas se há alguém que se demarca pela diferença, sou eu! Tanto ao nível das opções como da atitude. É verdade que não tenho uma bicicleta de cada marca, mas existe alguma variedade. E não tenho culpa que a casa à qual normalmente recorro, agregue algumas das minhas marcas preferidas. Aliás, mais uma vez, é-me cómodo e conveniente.
Digamos que a Specialized é a minha marca de referência, mas não ignoro as concorrentes, pelo contrário, saúdo a sua existência. Se existe espaço para todas num meio tão pequeno é uma avaliação que não me compete a mim fazer, apenas posso dizer que, como ciclista especialmente interessado e consumidor, acho muito positiva a existência de diversidade sustentável.
As minhas opções ciclísticas são as minhas opções ciclísticas. E as opiniões dos outros são as opiniões dos outros. Enquanto as primeiras dizem-me respeito diretamente, as segundas serviram para “ilustrar” este texto, o que já foi bastante…

01.10.16

Bicicletaria Azores


Rui Pereira

Qualquer evento ligado às bicicletas interessa-me. Quando se trata da abertura de uma nova loja de bicicletas dedico uma atenção especial. Mais ainda, quando se está a falar de pessoas jovens, dinâmicas e até audazes, que avançam, numa altura peculiar, com um projeto aparentemente realista e bem estruturado, em busca de realização pessoal e de um sonho…
Trabalhando em várias frentes, esta equipa prepara-se para enfrentar com entusiasmo um mercado pequeno e algo preconceituoso, mas também uma nova oportunidade advinda do recente fluxo turístico.
Estive presente na inauguração da loja. Fator diferenciador foi a conjugação de um agradável passeio BTT com a sua abertura, onde não faltaram uns sempre consensuais comes e bebes, para dar as boas vindas a quem fez questão de marcar presença.
Fomos recebidos num ambiente acolhedor, familiar e cooperativo, onde era notória a preocupação para que tudo corresse bem.
O espaço disponível apresenta-se bem dividido e aproveitado, destacando-se pela simplicidade, funcionalidade e bom gosto.
Sucesso é o que desejo à Bicicletaria Azores. E sorte! Sendo certo que esta equipa já arregaçou mangas e segue em busca dela. Parabéns!

18.08.14

Vendedores de bicicletas


Rui Pereira

A ideia que se tem de um vendedor é de alguém persistente, com grande capacidade de persuasão e elevado nível de esperteza. Alguém que é capaz de vender ou impingir o que quer que seja, mesmo que seja algo que não se queira.
Esta imagem estereotipada assentará perfeitamente em alguns vendedores, mas não a todos, felizmente.
O que entendo por um bom vendedor de bicicletas é alguém entusiasta e que gosta daquilo que vende. Mais, que demonstra jeito e paixão tanto pela profissão como pelas bicicletas. Alguém que anda de bicicleta. É também alguém que procura conhecer os seus clientes, futuros compradores de bicicletas, para perceber o que realmente querem e precisam, ou seja, que melhor bicicleta lhes serve, independentemente daquilo que acha melhor para si ou daquilo que lhe dá mais jeito vender.
Comprar uma bicicleta pode ou não ser uma coisa complicada, dependendo do nível de indefinição e conhecimento do comprador. É sempre uma compra pessoal que envolve razão mas também paixão.
Atualmente quando me dirijo a uma loja para comprar uma bicicleta, já sei o que quero e levo algum trabalho de casa feito. Já analisei especificações, já fiz comparações e registei opiniões de outros proprietários. Mesmo assim um bom vendedor de bicicletas poderá ter uma palavra a dizer. Já houve alturas em que precisei e tive indicações decisivas para fazer uma boa compra.
Um vendedor de bicicletas não tem necessariamente de aconselhar material topo de gama e dispendioso como sendo o melhor, quando para o comprador este não faz qualquer sentido. Não tem de centrar a conversa na possibilidade fácil de financiamento para a compra.
Um vendedor de bicicletas tem de ter sensibilidade para lidar com os mais variados tipos de clientes e tem de conhecer muito bem os produtos que vende.
A combinação de todas estas caraterísticas possibilitam que a conversa entre um comprador e um vendedor de bicicletas seja muito mais do que uma simples transação, que represente simplesmente uma compra, ou venda, dependendo da perspetiva. Esta conversa será com certeza esclarecedora e produtiva, mesmo que o objetivo final da mesma não aconteça. E irá refletir entendimento, paixão e entusiasmo, que são sempre fatores positivos e motivadores.
Assim não será de estranhar que o simples vendedor de bicicletas passe a ser o amigo das bicicletas…