07.04.21
Passado
Rui Pereira
Os skates implicaram um regresso ao passado, que julguei não ser possível.
Diferentes circunstâncias, o mesmo gosto.
Não, ainda mais gosto.
Por uns e por outros...
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
07.04.21
Rui Pereira
Os skates implicaram um regresso ao passado, que julguei não ser possível.
Diferentes circunstâncias, o mesmo gosto.
Não, ainda mais gosto.
Por uns e por outros...
10.11.20
Rui Pereira
Foi no dia em que a fui buscar que senti logo a exigência e a minha falta de preparação. Quando voltei às bicicletas há 12 anos atrás, arranquei da loja montado com destino a casa. Cerca de 15km, sendo boa parte deles pouco favoráveis ao nível da inclinação. Custou-me, mas foi um relembrar de outros tempos, uma formação prática e intensiva da bicicleta e do seu uso.
O primeiro passeio em grupo também serviu para fazer algumas aferições. Destreza e técnica: assim-assim; forma física: baixa. Mas lá fui com as minhas dificuldades. Foi também importante para voltar a sentir aquele gostinho pelo fora-de-estrada, entretanto adormecido, e conhecer alguns trajetos que repetiria por diversas vezes, tal era o prazer proporcionado.
Outros passeios em grupo vieram, entre família, amigos e colegas, mas os que recordo com mais saudades são em dupla, eu e o meu tio. Grandes manhãs, grandes pedaladas. Com o tempo vieram as evoluções, quer ao nível das bicicletas, quer do à vontade com que encarávamos as dificuldades físicas e técnicas. E claro, do prazer que tirávamos destas mesmas pedaladas.
Nunca ouvi uma queixa da sua boca. Um dia, disse-me satisfeito que fazia aquela descida com cada vez mais confiança e velocidade. Eu sentia o mesmo, fosse nesta descida ou noutro local específico dos nossos percursos habituais. Aliás, via-me a passar nestes mesmos locais em pensamento, tal era o gosto. Contava os dias para chegar ao domingo!
Lembro-me do silêncio, da ausência de palavras. Da descoberta. Do som do vento, do rolar dos pneus sobre terra, pedras e lama… do partir dos galhos à nossa passagem. Do roçar da bicicleta e do corpo na vegetação. Dos sustos. Das travessias de ribeiras. Daquela passagem no limite bem-sucedida. Cada um por si, mas ao mesmo tempo acompanhados.
E lembrei-me disso tudo porque domingo passei numa canada que fizemos tantas vezes. Sonhava com o seu gancho final que fazia em derrapagem e que nos levaria para outra bastante mais exigente e espetacular, onde as condições eram sempre uma incógnita. Então se chovesse de véspera... Já ia ansioso a descer aqueles metros de ligação em betão!
Algures em Santa Bárbara, Ribeira Grande
29.09.20
Rui Pereira
29.11.19
Rui Pereira
Já nem sei bem sobre tudo o que escrevi. Devo repetir-me muitas vezes. São muitos textos e os assuntos não são assim tão diversos. Reparei que este blogue soma quase 500 publicações (esta é a 499)! Não, não são todas sobre bicicletas, algumas nem texto têm, mas são fruto do que achei relevante no dia em que foram disponibilizadas.
Isso porque recordava agora o quanto gostava de andar de bicicleta em miúdo. Talvez porque as oportunidades não eram muitas, mas eram sempre devidamente aproveitadas. Até à última, até não poder mais.
Será que já falei sobre isso? Talvez.
O bairro onde passei muito tempo da minha infância… As zonas relvadas/ajardinadas eram os nossos campos de futebol e os nossos laboratórios naturais de descoberta da fauna e flora local, com as peladas a servirem para jogar ao berlinde. As cimentadas para jogar ao pião. E os passeios que ladeavam estas zonas verdes eram como as ruas da nossa cidade, onde simulávamos deslocações e corridas.
Falo no plural, por mim, pelo meu irmão e pelos meus amigos, mas na verdade não sei se sentiam o mesmo que eu… julgo que sim.
Houve um dia mítico. Lembro-me como se fosse hoje. Meia tarde, tempo fresco, céu nublado. Saí de casa em direção ao bairro na “minha” grande pasteleira azul (nunca a senti como minha porque na altura queria uma BMX e porque durou pouco tempo lá em casa). Já não estava a chover, mas a calçada preta e branca que forrava os passeios estava encharcada. Sozinho. Idealizava percursos, executava manobras, delineava curvas, fazia derrapar a roda traseira, controlava a enorme bicicleta, com as luzes ligadas à força do dínamo contra o pneu…
Este sentimento voltou quando, muitos anos depois, comecei a fazer trilhos de bicicleta. Diversas vezes, a preparar o percurso da volta do domingo seguinte, conseguia visualizar aquela lomba, aquela curva, aquela descida. Aquela reação da bicicleta, aquela manobra para a controlar… E todo o gosto e prazer associados!
É mesmo muito provável que já tenha falado sobre isso!
30.09.19
Rui Pereira
Enrola, atira, gira, roda, rola…
Enrola, atira, roda, gira, toma, rola…
Sinto o mesmo gosto. A mesma satisfação de conseguir lançar o pião com êxito!
Estava na primária e lembro-me. Sair da escola a correr, lanchar à pressa e ir jogar ao pião, incansavelmente.
Eu e os outros.
Existem coisas que nunca se deixa de gostar. Coisas que nunca se deixa de saber fazer…
19.07.19
Rui Pereira
Noutros tempos foram as rainhas das nossas estradas. Serviram muitas famílias. Ergueram uma indústria… Foram esmagadas por congéneres importadas. Hoje estão obsoletas. Apetecíveis para quem recupera e negoceia, ou simplesmente quer guardar para recordar. São pedaços de história. E alheios a tudo isso, há quem continue a dar-lhes serventia.
Fizeram a alegria de miúdos. Sofriam verdadeiras torturas nas mãos de alguns. Faziam-lhes arriscar, experimentar, sonhar. Permitiam-lhes ir… Agora fazem a de graúdos, nem que seja estaticamente, num claro exercício de saudosismo. Os miúdos de hoje, atrás dos pequenos ecrãs, pouco lhes ligam.
18.04.16
Rui Pereira
Já não sou o rapaz que era há umas décadas atrás, mas existem momentos que me transportam para outros tempos, momentos únicos, onde a minha bicicleta era tudo para mim e o bairro onde andava era um mundo sem fim.
Um mundo onde não havia preconceitos nem preocupações, onde apenas existia diversão e liberdade sem limitações.
Hoje, dou por mim numa das minhas bicicletas a agir como o miúdo que já fui, a sentir aquilo que já tinha sentido, a satisfazer-me como poucos e com tão pouco. Aproveito, como antes, todos os momentos como se fossem únicos… E são!
As bicicletas cresceram, as fronteiras do bairro caíram, mas o rapaz que adorava andar de bicicleta, que fluía através da brisa, que inventava, e às vezes caía, é o mesmo...
A principal diferença é que agora, às vezes, custa-me sair, na altura apenas custava-me voltar. E ainda me custa. Depois de começar já não quero parar.
Incrível a capacidade de um objeto tão simples, não é? Sim, é material, e esse tem o valor que lhe queremos atribuir, mas num misto de saudosismo e orgulho, gosto da sensação que a bicicleta me permitiu e ainda permite sentir, gosto do efeito que produziu e que ainda produz em mim!
21.09.15
Rui Pereira
A única forma que tenho de quantificar os meus passeios de bicicleta é através da sua duração. O que é chato e limitado, já que não posso partilhar com ninguém, todos os pormenores dos mesmos e assim provar que aqui este menino, em cima de uma bike, não é para brincadeiras! Seja lá o que isso quer dizer…
Não tenho ciclo-computadores, nem muito menos aparelhos GPS todos pipis que registam tudo e mais alguma coisa. E que custam os olhos da cara! Nem sequer utilizo aquelas aplicações no telemóvel, até porque mesmo que quisesse não podia, já que o meu telemóvel não as suporta. Sim, é daqueles que só fazem e recebem chamadas!
Mas não se pense que sou assim tão básico. Um dia perdi a cabeça e comprei um monitor de frequência cardíaca de pulso. Em promoção, não era! Batimentos, zonas de treino, calorias e estas cenas todas. Sou moderno ou não sou?
Pronto, vá lá, acho que já ninguém usa isso e confesso, eu próprio nem sempre o utilizo… Ou melhor, levo o aparelho no pulso, até porque preciso do relógio, mas o sensor fica em casa. Já agora, enerva-me um bocado quando ele está no modo de treino e não consigo ver as horas e tenho de andar a fazer contas…
Já tentei ver as horas pelo sol, mas primeiro, não dá muito jeito estar a andar de bicicleta na bisga a olhar para o céu, segundo, isso cá está sempre nublado, e terceiro, tendo em conta as duas razões anteriores e não dominar assim tão bem a técnica do relógio solar, eleva demasiado a margem de erro. E chegar a casa tarde, não ter a mesa posta e já não estar ninguém à nossa espera é aborrecido. Principalmente a parte de não ter a mesa posta!
Tenho uma bicicleta sem mudanças. Heresia! E com o carreto fixo. E sem travões. E não é por ter qualquer problema com a obesidade ciclística. Tenho porque gosto. Para alguns, porque sou parvo! Mas insisto, é simplesmente porque gosto. Quanto à parte de não ter travões é mentira, mas também só tem um na dianteira e não trava assim tanto como isso. Tenho aqui um conjunto de perna e meia que resolve muito do trabalhinho necessário. Vamos lá ver!
O material da maioria das minhas bicicletas é o aço. Uns melhores do que outros. Apenas a renegada BTT é de alumínio. M4 dizem… Não sei o que é! Carbono? Também não sei... Ouvi dizer que era plástico, mas em bom, não sei… Não me censurem, foi o que ouvi dizer…
As minhas bicicletas não são propriamente leves. Mas também não é algo que me dê grande abalo ou me faça comichão… Se às vezes fico cego para atirar a bicicleta por uma ribanceira abaixo? Tanta vez, mas quem nunca sentiu isso que atire a primeira bicicleta, mesmo que ela demore mais tempo a chegar lá abaixo e nem faça grande mossa nas conteiras quando chega!
Mas porquê esta opção mais tradicional? - Perguntam-me vocês.
Porque gosto muito de coisas clássicas e antigas e prefiro rumar por este caminho mais simples, alternativo e diferenciador. Porque, mesmo que quisesse, dificilmente teria suporte financeiro para fazer face a toda esta euforia de modernidade, tecnologia e eficiência. E essencialmente, porque não desejo nem muito menos necessito de todas estas coisas…