Ficou assente no decorrer da minha volta às Sete Cidades que iria fazer algumas alterações na minha bicicleta de estrada. Aliás, durante esta volta, em vez da bolsa de selim usei pela primeira vez o “copo” para ferramentas alojado no segundo suporte de garrafa, suporte que esteve sempre guardado num armário desde que o comprei. Quanto ao “copo”, sem dúvida, muito prático! Quanto às mais recentes alterações, até agora foram adiadas, tanto por falta de necessidade, como por princípio. – Para quê trocar peças que estão a funcionar mesmo que não sejam as mais adaptadas à minha realidade? – Era o meu pensamento. Então a cassete de oito velocidades original (12-26) cedeu o seu lugar a uma com o mesmo número de carretos, onde o carreto mais pequeno tem 11 dentes e o maior uns expressivos 32! Já deu para perceber a diferença, embora ainda não tenha feito a subida certa.
A outra alteração foram os pedais. Até agora usava pedais de encaixe de BTT, sendo que o modelo escolhido na altura teve em conta o facto de poder circular com esta bicicleta com sapatos do dia-a-dia, ou seja, encaixe de um lado, plataforma do outro. Por outro lado, sempre refreei a aquisição de pedais de encaixe para estrada porque me obrigava a investir noutros sapatos. Foi agora. Ainda não experimentei, aliás, nunca andei com encaixes de estrada, portanto será uma estreia absoluta. E não experimentei porque ainda não tenho os sapatos!
Neste momento já não faz sentido manter uma cassete com uma relação tão pouco amigável, até porque já nem tenho idade para isso (?!), tal como manter uns pedais vocacionados para BTT e uso descontraído, quando tenho outras bicicletas e respetivos pedais muito melhores para o efeito, em vez de ter uns verdadeiramente adequados para a bicicleta e para o uso que lhe dou. São pequenas alterações, simples e óbvias, que farão da minha Allez uma bicicleta mais “amiga”, efetiva e adequada aos meus propósitos.
Não gosto do Carnaval, mas dá-me jeito a tolerância que é normal ter nesse dia. Aproveitei para fazer o mesmo de sempre, pedalar. Variei na bicicleta. Levei a BTwin Triban 500 à Gorreana, para um teste mais prolongado. Bastou montar os pedais de encaixe e subir o selim, e lá fomos. Tudo o que já disse sobre ela confirma-se. Não é fácil ter tanto por tão pouco!
Duas horas depois ainda estava com as mãos nela, e não só. Desta feita, sem luvas e com as mãos inevitavelmente mais sujas. Não, não houve nenhuma avaria, apenas limpeza e manutenção que tenho vindo a descurar ultimamente em algumas das bicicletas cá de casa. Às vezes falta-me aquela vontade, mas depois de começar fico sem dar pelo tempo passar. É algo que me agrada e satisfaz.
Sou eclético e tolerante, o que se reflete na minha relação com as bicicletas, com a música, com tudo. Desde novo ganhei um gosto especial pelas sonoridades mais pesadas e agressivas – Metal, mas a diversidade que abranjo é cada vez maior. Assim, e mais recentemente, descobri o rap e o hip-hop, já que fiquei fascinado com a capacidade de escrever e debitar rimas dos MC’s. Histórias de vida, reais, duras ou não, contadas a rimar com muita competência, acompanhadas pela batida certa. Isso fez-me querer experimentar este tipo de escrita, completamente nova para mim, já que sempre a encarei com algum preconceito. Algumas experiências incluíram bicicletas. Acho presunçoso falar em poemas, são apenas rimas. No caso, rimas a pedais!
Bikes & Rimas
Trato por tu as ruas de PDL Percorro-as a pedais Com as minhas bikes Tal como o faço em muitas outras na ilha de S. Miguel
É um estilo de vida É um prazer É uma liberdade única Do melhor que se pode fazer
O trânsito, eu contorno As filas, eu não componho Chego rápido a todo o lado Pela mão ou montado
Estacionar não é dor de cabeça Prendo-a a um poste ou a um U invertido A sério, sinto-me tão bem É libertador e divertido
Ela leva-me ao mar Vou à minha sessão de exercício Ela leva-me sem parar Pedalar é mesmo um vício
Nos CTT deixa correspondência Na bagageira um saco de 5kg de aveia A trepidar na habitual cadência Lá vou eu com ela, de alma cheia
Máxima economia Zero poluição A bicicleta vai onde quero Apenas gasta calorias Está só do nosso lado a limitação
Seja ela qual for É o veículo mais amigo Simples e divertido É com ela que quero ir ao meu lugar preferido
Rodas e pedais Aqui está a receita para os teus males Sim, não duvides Estes são analgésicos reais
Quero pedalar para sempre Quero pedalar em todo o lado Quero ter as minhas companheiras de ferro Sempre, sempre, ao meu lado!
De bike, yeah!
Pego na minha bike Deixo-me levar por ela Nas redes dava-lhe um like É ela se que revela
Sigo a um ritmo rápido Para trás vejo tudo distante Esta cena é um bom hábito Quem a inventou foi brilhante
A tentar fazer sentido Com os pedais eu me amanho Mas para tirar real partido Não tens de seguir o rebanho
Comprar uma é valor seguro Andar nela é motivo de orgulho Usufruir de uma nova dinâmica Agora com visão panorâmica
Meter rotações nos pedais Definir a cadência a imprimir Não é preciso nada de mais Basta pedalar e partir
É uma forma de viver É o que mais gosto de fazer É um estilo de vida É a minha melhor saída.
Sim ou não? Eh pá, não! Quer dizer, não é um não redondo, definitivo e inflexível, até porque depende da abordagem, do tipo de utilização e da própria tecnologia. Além disso, não gosto de fundamentalismos.
Se me perguntarem: mudanças eletrónicas? Eh pá, não! Não mesmo! Agora se me perguntarem: travões de disco numa bicicleta de estrada? Eh pá, sim! Lá está, é a minha abordagem.
Acredito que as mudanças eletrónicas sejam uma maravilha de utilizar, rápidas, silenciosas, eficazes, mas sinceramente, estar dependente de baterias e de carregamentos, mesmo que aquilo dure imenso… Depois tem um grau elevado de sensibilidade e complexidade quando comparado com um equipamento mecânico. E é tudo menos barato. Não é para mim!
Chateia-me a dependência que a tecnologia cria. É mais ou menos como aquela cena de estarmos no trabalho e o PC ir à vida e… para tudo! Se esta dependência existe não tem necessariamente de ser alargada para algo que acho que deve ser simples e descomplicado.
Quanto aos travões de disco, este equipamento em si não tem nada de inovador, a novidade apenas reside na sua adaptação à estrada. Polémicas à parte (lesões em caso de queda?!), acho que o incremento substancial ao nível do funcionamento e da segurança podem justificar a sua utilização.
Normalmente, quem é mais conservador e tradicional nos materiais empregues na construção de uma bicicleta não gosta muito de carbonos e afins. Às vezes brinco com isso, mas reconheço a mais-valia de materiais mais nobres. E aqui, claro, estamos a falar de elevada tecnologia. Agora por questões estéticas, custos e tipo de utilização não consigo arranjar justificação para ter um quadro em carbono todo XPTO, em vez do aço que estrutura a minha “estradeira”.
Para mim e de um modo geral, nas bicicletas, mais tecnologia implica mais cuidados, mais custos e mais chatices. E para chatices já me bastam todas as outras!