21.06.19
Um anda sobre travessas. O outro sobre pitões.
Rui Pereira
São as travessas que me unem aos pedais da bicicleta. É esta união que me permite ser mais eficiente na pedalada e o garante da necessária segurança. É o típico “clank” que assegura o encaixe perfeito, que me diz “estamos prontos, podemos ir”. Eu e a bicicleta, neste momento, somos um só. Eu comando, ela obedece. Às vezes reclama, reage mal, a traiçoeira. Não, não é. Há sempre uma razão para uma reação inesperada e, na maior parte das vezes, está isenta de culpas. Já eu! Mas somos uma unidade eficaz. Do movimento que lhe concedo aos pedais ela retribui, honestamente, com deslocação e velocidade. Lança-nos para a frente! Eu aconchego as mãos sobre o seu guiador e emprego ainda mais força e rapidez no movimento. Aí vamos nós, somos um só!
Sai um passe em profundidade e a bola surge com velocidade à sua frente. Ele arranca forte para não a perder para a linha de fundo. Finca os pitões das chuteiras no relvado sintético, assume uma posição mais aerodinâmica, que lhe permite baixar o centro de gravidade e dá início a um sprint embalado pelo rápido movimento dos braços. Domina a bola, finta o jogador adversário com a missão de o marcar e, no limite das forças e do espaço, alcança a bola e cruza-a em altura para a grande área. O seu colega estica-se no ar, mas o guarda-redes interceta-a! Parado, inclina-se para a frente e apoia as mãos nos joelhos abanando a cabeça. Tenta recuperar o fôlego. Ergue-se, levanta o polegar ao colega e recupera a sua posição. O jogo continua!