Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Bike Azores

A experimentar o verdadeiro sentido da palavra liberdade!

23.07.19

Se todas as vezes que ando de bicicleta pensasse que ia levar com um carro em cima…


Rui Pereira

Cedo habituei-me a empenhar uma condução defensiva. Tal como ganhei algum à vontade em circular nas e entre as filas de trânsito. A mota a isso obrigava.
Foram aprendizagens positivas e importantes e, de imediato, aplicadas na condução das bicicletas.
De facto, circular num meio de locomoção suave entre ciclovias e estradas, algures no meio dos peões e dos automóveis, obriga a alguma ginástica mental e a uma capacidade de análise de comportamentos, no sentido de prever os movimentos dos primeiros e as possíveis manobras dos segundos.
Mesmo assim, existem sempre surpresas!
Surpresas também da parte de quem vai sobre os pedais. Pelo menos para mim. E não estou a falar de comportamentos arriscados e fora da lei, embora na verdade alguns também o sejam. Falo de excesso de zelo e de cuidados. Desde logo encarando a bicicleta como um objeto perigoso. De ter um medo excessivo de circular na estrada, vendo perigo em tudo e todos.
Circular em bicicletas desajustadas ao nível ergonómico; circular demasiado junto às bermas, ou pior, pelos passeios; circular em contramão; circular a velocidades demasiadamente reduzidas, são alguns exemplos em nome do receio.
Estes comportamentos são capazes de serem mais perigosos do que os supostos perigos que teoricamente se estão a evitar.
Atenção, a estrada é um ambiente perigoso e quanto mais movimentada pior. Mas circular constantemente com medo e estar sempre a pensar nos perigos, e que algo de mau pode acontecer, não é a melhor forma de evitá-lo. Aliás, é a pior.
Circular numa estrada de bicicleta requer atenção e cuidado. Estar alerta. Mas também saber marcar a nossa presença, com um posicionamento e velocidade adequados às condições.
Se todas as vezes que ando de bicicleta pensasse que ia levar com um carro em cima… Já não andava de bicicleta!

09.08.17

«Merci»


Rui Pereira

Sucedem-se as situações que me acontecem na ciclovia que utilizo diariamente. Normalmente são mais as menos boas do que as boas. Entenda-se por menos boas apenas o facto de me deparar com várias pessoas (peões) a circular na mesma, o que retira fluidez à progressão e obriga a algumas manobras do tipo gincana, e a um uso regular da campainha.
Temos tendência para dar mais atenção às coisas negativas do que às positivas, independentemente da regularidade com que acontecem, quer umas, quer outras. Para contrariar esta tendência venho relatar uma situação que me aconteceu recentemente.
Mesmo com um tempo algo desagradável, bastante nublado e ventoso, o meio do dia nas Portas do Mar é sempre uma altura de bastante movimento pedonal. Portanto, atenção e capacidade de prever comportamentos comprometedores dos peões são essenciais.
Vinha de regresso ao trabalho, atrasado, mas a bom ritmo, embalado pelo vento leste que se fazia sentir, quando vejo que uma senhora, saindo de uma zona reservada, preparava-se para atravessar a ciclovia. Dei um toque na campainha enquanto me afastava ligeiramente para a direita, por forma a aumentar a margem de segurança, para o caso de haver alguma reação menos esperada.
Não houve. Ou melhor, houve. Uma reação que não estava de todo à espera e surpreendentemente positiva! A senhora, que depois percebi ser uma turista estrangeira, viu-me, parou e disse – «Merci».
Agradeceu-me pelo facto de ter sinalizado a minha presença, o que fez com que não atravessasse a ciclovia, evitando assim uma possível situação desagradável.
Levantei a mão devolvendo-lhe o agradecimento.

29.06.15

Risco de (não) andar de bicicleta!


Rui Pereira

São algumas as vozes que elevam a palavra perigo, quando sabem da minha ligação às bicicletas.

Claro que seria parvo da minha parte ignorar a questão do risco, falando em veículos de duas rodas, já que envolvem equilíbrio, velocidade, partilha das estradas com os outros veículos e um grande número de obstáculos do ambiente que nos rodeia. Mas também não aceito argumentações vãs, baseadas em mitos e preconceitos, só porque sim!

O facto é que estou neste momento a recuperar de uma lesão grave num joelho. Lesão que me condicionou (e ainda condiciona) fisicamente. Lesão que nem sempre foi (é) fácil de gerir psicologicamente. Lesão que interrompeu e limitou (e ainda limita) as minhas pedaladas de bicicleta.

Neste momento, os defensores da associação entre perigo e bicicletas ficariam satisfeitos por julgarem a sua tese confirmada… O facto é que a lesão em causa nada teve a ver com pedais, nem bicicletas. Aliás, já são alguns anos em cima de um selim e nunca me lesionei a sério, felizmente. Algumas (poucas) quedas, nódoas negras, arranhões também e uma dor ou outra, ocasionalmente. Sorte? Talvez…

Mas o certo é que a minha lesão resultou de um convívio de futebol em família, e sinceramente, preferia mil vezes que tivesse sido de bicicleta. Primeiro, porque não estou minimamente preocupado em provar se as bicicletas são ou não perigosas, segundo, porque servia-me de consolo psicológico saber que lesionei-me a fazer algo de que gosto muito, em vez de acontecer na prática de um desporto que detesto, mesmo salvaguardando a questão da prática ter sido em família!

Mais do que o risco de andar de bicicleta, o que me preocupava (e ainda preocupa) era o risco de não poder andar de bicicleta. Embora a recuperação seja mais complexa do que desejaria, ao que parece esta preocupação não terá razão de ser, mesmo com as limitações inerentes a esta minha nova realidade.

Até porque andar de bicicleta faz muito mais pelo meu bem-estar físico e psicológico do que não andar, pelo menos é isso que sinto, mesmo consciente dos riscos a que estou sujeito!